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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

ESTÃO EM FINANCIAMENTO NO CATARSE:

🚨🚨🚨🚨🚨 ATENÇÃO🚨🚨🚨🚨🚨
ESTÃO EM FINANCIAMENTO NO CATARSE:

Organizado por Fabrício Corradini e trazendo autores como Maurício Coelho e Rodrigo Ortiz Vinholo, “O Signo do Vampiro” apresenta poemas e contos com versões diferentes e peculiares desta criatura que há tempos assusta e fascina a humanidade. 🧛 

"Os salgueiros e outros assombros da natureza" é um colab entre as editoras Ex Machina e Clock Tower que trazem pela primeira vez em edição criteriosa, comentada e ilustrada a obra de Algernon Blackwood no Brasil, com intro e notas de S.T. Joshi. Reunindo as cinco narrativas longas mais importantes do autor, sendo duas delas inéditas em português, o volume traz mais de 300 páginas de conteúdo com ilustrações de Alexandre Teles. 🍃 Link: https://www.catarse.me/salgueiros

Outro colab de editoras - dessa vez, a Clepsidra e a Aetia - é a edição crítica e repleta de extras do clássico Frankenstein (1818), de Mary Shelley, que se preocupa em explorar a trajetória da obra desde sua concepção até seu desenvolvimento nos palcos teatrais e no cinema. Quinto volume da coleção Imaginário Gótico, ele se baseia no texto de 1831, mas rastreia todas as alterações efetuadas pela autora em relação à de 1818 (incluindo traduções extras dos trechos alterados e suprimidos). 🧟‍♂️

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segunda-feira, 11 de maio de 2020

Novidades do nosso catálogo futuro! - Via Cid Vale, do Sebo Clepsidra


Novidades do nosso catálogo futuro!

Pessoal, temos recebido muitas perguntas a respeito de como lidaremos com a pandemia, e se continuaremos com nossos lançamentos. A resposta é que estamos aproveitando pra acelerar os lançamentos. Vou listar alguns que devem sair até o fim do ano ou no início do próximo:

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Coleção Epicureia

- Contos Noturnos: Nossa nova campanha dedicada à presença do gótico, do macabro e do byroniano no Romantismo brasileiro será inaugurada por essa raríssima antologia de contos de Barbosa Rodrigues.

- O Conde Lopo: Pela segunda vez desde sua publicação póstuma, esse poema de Álvares de Azevedo será publicado de forma avulsa, com prefácio, posfácio e notas de apoio.

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Coleção Imaginário Gótico

- O Vampiro: A edição comemorativa de 200 anos está sendo diagramada e falta apenas um dos artigos das metas estendidas ser escrito pra enviarmos tudo para a última revisão.

- Fantasmagoriana: A antologia de contos alemães lida por Polidori, Byron, Mary, Percy e Claire em Diodati já está traduzida e a campanha chega ainda em 2020.

- O Velho Barão Inglês: O segundo romance gótico iniciará nossa exploração dos primórdios do romance gótico inglês, em uma edição repleta de extras.

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Teatro Insólito

- Presunção: A primeira adaptação teatral do romance de Mary Shelley está sendo editada e a campanha ainda tem 14 dias no ar! Aproveitem! www.catarse.me/frankenstein

- O Espectro do Castelo: O drama de M. G. Lewis (autor do romance "O Monge") será o segundo título da nossa coleção que explora o drama gótico.

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Coleção Lord Byron

- Céu e Terra: O drama de Byron sobre os Nefilins e o dilúvio concluirá o ciclo "Dramas de Byron", e sua campanha virá com uma caixa pra acomodar os três primeiros volumes que lançamos do poeta, mas a coleção continua depois com "O Giaur", "Melodias Hebraicas" e outros!

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Coleção Clássicos do Penny Dreadful

- Varney, o Vampiro: O primeiro volume da coleção está bem atrasado, mas ele está passando por uma preparação de texto profunda para resolver os milhões de desafios da tradução, e ficará pronto no segundo semestre de 2020.

- Wagner, o Lobisomem: O segundo título da coleção será lançado no ano que vem.

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Enciclopédia do Cinema de Horror

- Coleção em volumes que representam recortes temporais para apresentar de forma aprofundada todas a evolução do horror na sétima arte. Organizada por grandes autoridades no tema como Carlos Primati, Beatriz Saldanha e Marcelo Miranda.

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Sem coleção

- Contos Clássicos de Fantasma: Nossa primeira coedição com a Ex Machina, que traz 26 contos selecionados do cânone ocidental e da produção nacional.

- Mitologia Lovecraftiana: Reedição ampliada do estudo clássico de Caio Bezarias com novas ilustrações, e novos prefácios e artigos extras.

- O Labor da Morte: Esta dança macabra de Ferdinand Barth foi publicada em 1865 e atualiza o motivo medieval com uma série de belíssimas gravuras. Não haverá campanha para ele. Ele sai em breve com prefácio e tradução de Felipe Vale da Silva.

- Melancolia do Entardecer: Antologia de poemas do alemão Georg Trakl, um herdeiro do Romantismo alemão em pleno Expressionismo.

- A Noite de Walpurgis: Romance de Gustav Meyrink, autor do clássico "O Golem", em nova tradução.

- Eureka: Ensaio filosófico de Edgar Allan Poe, em nova tradução com extras de encher os olhos.

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E isso é só uma parte dos projetos!

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Obrigado a todos pelo apoio! Sem vocês, não seríamos capazes de sobreviver ao Corona!

quinta-feira, 27 de julho de 2017

"Se ele é Mr. Hyde, tenho de ser Mr. Seek"* - O médico e o monstro (Robert Louis Stevenson)


Um autor, de uma obra específica, que tem total influência no que eu pretendo (e espero alcançar) nas minhas histórias, é Robert Louis Stevenson, que escreveu O médico e o monstro. - Gustavo Ávila, em entrevista para o Golem

Seguindo a tradição de ficção psicológica e tecnicista moderna, de Mary Shelley e seu terrível Frankenstein, Robert Louis Stevenson (1850-1894) nos brindou com um divisor de águas e um clássico. Em vida sua reputação literária flutuou: há quem o considerava um autor menor, e há os que o vêem como um grande entre os grandes, tanto pela nitidez límpida e leve do estilo como pelo núcleo moral de todas as suas narrativas.

Lançado em 1886, o livro aborda a questão do bem e do mal de uma maneira diferente, marcado pelo cientificismo da época vitoriana. A sociedade inglesa debatia os cem anos da execução do marceneiro escocês William Brodie, que de dia era um cidadão exemplarinstalando fechaduras e armários e, de madrugada, roubava as casas de seus clientes ricos com as copias das chaves.

Mergulhado em um Londres que antecede Jack, o Estripador, Robert Louis Stevenson narra a trágica vida do respeitado médico escocês, o dr. Jekyll, que busca em fórmulas químicas a resposta para os impulsos e sentimentos humanos mais profundos, acabando por criar uma droga que libera seus aspectos mais primitivos, o animal adormecido sob a capa do homem civilizado. Começa aqui a conversa sobre comportamentos dúbios que mais tarde se transformou em transtorno bipolar.

É curioso pensar como o personagem tem feito parte da cultura pop mesmo que descaracterizado e até relido nos tempos atuais. O enredo de Robert Lois Stevenson poderia se encaixar muito bem no Incrível Hulk, a versão furiosa do dr. Banner. Virando os olhos para o Universo Cinematográfico da Marvel, a função do personagem no Dark Universe, criado pela Universal Pictures, seria a mesma de Nick Fury (ou até mais recentemente como a Claire Temple) para o MCU: responsável por unir todos os monstros em um mesmo universo em torno da Prodigium, uma organização científica secreta que tem filiais em todo o globo, que tem como missão rastrear, estudar e quando necessário, destruir o mal encarnado sob a forma de monstros em nosso mundo.

*Frase que faz alusão ao jogo de esconde-esconde, hide and seek, em inglês. A palavra hide (que se pronuncia do mesmo modo que se pronuncia o nome do personagem Hyde) significa esconder, ocultar enquanto seek é procurar, achar. No caso, Mr. Hyde é a “versão oculta” do bom dr. Jekyll.

Circulo das Ideias - Dark Universe (Universo das Trevas)


O universo compartilhado com monstros da produtora Universal Pictures foi oficialmente intitulado como Dark Universe. Os chamados filmes de entretenimento, devem muito a Universal e seus famosos monstros, como Drácula, Frankenstein e Lobisomem, só para citar alguns, cujos primeiros filmes datam lá da década de 1930. Na época, essas produções faziam gelar o sangue do incauto público, que nunca havia presenciado nada do tipo (lembrem-se que há poucos anos o cinema havia sido criado, e as pessoas ficavam com medo de trens que chegavam às estações na tela, achando que viriam verdadeiramente para cima delas). A produtora resolveu reformular seus monstros utilizando a fórmula inovadora da Marvel podendo assim ter uma reunião no futuro, assim como acontecerá em Vingadores: Guerra Infinita. Inspirado nesse Universo das Trevas, o Golem trás para você uma seleção de livros e novelas que compõe esse novo universo cinematográfico e que podem incrementar o seu repertório no que se diz de literatura gótica, fantástica e científica. Os livros estão em ordem cronológica.


Frankenstein - Mary Shelley (1818)

O Corcunda de Notre Dame - Victor Hugo (1831)

Drácula - Bram Stoker (1897)

O Homem Invisível - H. G. Wells (1897)

O Fantasma da Ópera - Gaston Leroux (1909)

A Hora do Lobisomem - Stephen King (1983)

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Sucesso sem igual tem nome: Stephen King


"Disciplina e trabalho constante são as pedras de amolar sobre as quais a faca cega do talento é trabalhada até ficar afiada o suficiente." - Stephen King 

Hoje um dos maiores escritores de terror do último século completa 69 anos de vida. O criador de Carrie coleciona fãs, best-sellers e algumas polêmicas (como por exemplo com James Patterson, que resolveu matar o autor no seu novo livro).

Variado em seus textos, praticamente escreveu sobre tudo: terror, ficção científica, fantasia e ensaios. Sendo um escritor muito visual, vários livros seus ganharam as telonas do cinema. Recentemente foi divulgado que a Netflix irá produzir ''Jogo Perigoso'' dirigido por  Mike Flanagan (Hush - A Morte Ouve). A premissa é uma mulher, algemada numa cama durante um jogo sexual, que se vê imobilizada e sozinha, numa cabana no meio da floresta, após a morte de seu marido de ataque cardíaco. King públicou a história em 1992 e Flanagan tem o roteiro pronto desde 2014, mas passou uma década imaginando como abordar o livro. No dia 17 de janeiro estreia nos cinemas outro filme: A Torre Negra que teve anunciado hoje uma continuação: "Mago e Vidro".

Nunca penso em filmes quando escrevo, mas sou, sim, um escritor muito visual, e isso atrai os cineastas. Você tem de lembrar que faço parte da primeira geração que tomou contato com histórias em filme, antes de aprender a ler. Os filmes têm sua própria linguagem, e é uma linguagem que falo muito bem, pois eu a aprendi, por assim dizer, no colo da minha mãe, que me levava ao cinema toda semana. - Stephen King em entrevista a Veja





Recentemente se foi descoberto a parte que faltava do livro ''O Iluminado''. Devido aos excessivos gastos com a impressão de livros, a editora Doubleday resolveu cortar o prólogo e o epílogo do livro para diminuir a contagem de páginas. Nem mesmo King tinha essa parte (o "Epílogo") pelo processo editorial que passou o manuscrito. Foi encontrado por um colecionador que não acreditou também não acreditou no que achou. Pode ser comprado em edição especial em inglês (é só clicar na imagem no lado direito).

O livro que conta acontecimentos ocorridos no hotel Hotel Overlook e seus moradores teve sequência publicada recentemente com o nome de ''Doutor Sono''. É capaz de traduzirem ele para o português para ano que vem em comemoração aos 70 anos de King. Uma edição nova e completa edição de um de seus maiores sucessos aqui no Brasil. Perguntei sobre a Suma das Letras (que edita os livros do King) se isso seria feito e essa foi a resposta:


Atualmente o trabalho de divulgação é da Triologia Bill Hodges (Mr. Mercedes também vai ser adaptada pela Audience Network). Já inspiração dos grandes mestres está na cara. Em Revival ele confessa que o seu apreço por Machen e o conto "O grande deus Pã" - que o assombrou a vida toda -  publicado no Brasil pela Editora Penalux. Ele também dedica a Mary Shelley, Lovecraft e a outros grandes nomes (Clark Ashton Smith, Stoker e Robert Block). Sobre Robert E. Howard ele comenta:
A escrita de Robert E. Howard parece tão altamente carregada de energia que quase desprende faíscas
Se você é fã de terror, fantasia e outros gêneros e não leu Stephen King não sabe o que está perdendo.

terça-feira, 12 de julho de 2016

Um regresso moral - O sorriso da hiena (Gustavo Ávila) [CONTÉM SPOILER!]

A lágrima contornou a maçã do rosto serpenteando a bochecha que tremia com a respiração ofegante da criança, deixando atrás da gota um rastro úmido que desenhava seu caminho na pele jovem. Perdeu velocidade ao lado de uma fita adesiva cinza que tapava a boca, e como a ampola de uma seringa, encheu-se instantaneamente de uma tonalidade rosa, até pingar vermelha e explodir no chão feito uma lágrima santa. - Gustavo Ávila

O leitor queira me desculpar (e o autor do livro também) pela lentidão de postar a opinião de um dos melhores livros que li nesse último ano. Impactante e de uma criatividade sem igual, ''O sorriso da hiena'' não é um dos livros que você, leitor de livros policiais deve deixar na estante, mas sim na cabeceira.

Para explicar como David virou um psicopata, Gustavo Ávila não é sútil. Não é só David testemunhar o assassinato dos pais, ele precisa lembrar dos requintes de crueldade e do rosto do assassino, de suas roupas, de sua ironia. Afinal de contas, ''Ninguém gosta de linguarudos''.

Inteligente, sagaz, ele nos propõe a seguinte dúvida: ''É possível justificar um ato de crueldade quando, por trás dele, há a intenção de fazer o bem?''. Algo bem presente nos dias atuais, o limite da moral (algo que tratei nos posts do Lovecraft e da Mary Shelley) se tornou relativo. 

Créditos na imagem
Para um bem maior, sacrifícios tem que ser cometidos. Não é uma das falas do livro, mas ao meu ver, caberia muito bem na boca de William, um psicólogo infantil que criou uma tese sobre o desenvolvimento do caráter humano passava por traumas infantis. Ele aceita o jogo de David, que repete o que assassinato de seus pais com diferentes casais e com diferentes crianças para diversificar o estudo do psicólogo, buscando no final das contas, o que aconteceu com ele.


Os crimes começam a ser investigados por Arthur, um sagaz detetive que tem a Síndrome de Asperger, um distúrbio que afeta a capacidade do indivíduo de socializar-se e comunicar-se de maneira efetiva. Ele persegue David, porém é sempre despistado, não conseguindo pistas o suficiente para incriminar o serial killer.


''Um envelope que irei guardar com muito carinho: o contrato assinado com a Verus Editora, do Grupo Editorial Record.'' diz Gustavo em uma rede social.

Enquanto isso, fazendo um pacto com o próprio diabo, William vê sua vida pessoas ser destruída: causa a morte do melhor amigo, separa-se de sua noiva, fica envelhecido pelo remorso.

Com um final impressionante, o que era um publieditorial de 304 páginas passa para um contrato assinado com a Verus Editora, do Grupo Editorial Record, esse é um daqueles livros que já estão prontos para virar filme.

E eu estou ansiosamente esperando:





terça-feira, 14 de junho de 2016

Era uma vez na Suíça - Frankenstein ou o Prometeu Moderno (Mary Shelley) [ATUALIZADO]


FOI NUMA MONÓTONA noite de novembro que vi a consumação de meus esforços. Com uma ansiedade que beirava a agonia, reuni ao meu redor os instrumentos de vida que poderiam infundir uma centelha de ser na coisa inanimada que jazia a meus pés. Já era uma da manhã; a chuva tamborilava lugubremente contra as vidraças, e minha vela já estava quase consumida, quando, pelo fraco clarão da luz quase extinta, vi abrirem-se os fundos olhos amarelados da criatura; ele respirou fundo e um movimento convulsivo agitou-lhe os membros. - Mary Shelley
Continua sendo um ground. Entrecortado por poemas de Samuel Taylor Coleridge (1772-1834), John Milton (1608-1674) e Percy Shelley (1792-1822)Mary Wollstonecraft Shelley (1797-1851) desenvolve Frankenstein, um clássico, porque você pode fechar o livro, mas ele nunca termina de dizer o que tinha para dizer.

Em uma noite de terror na Suíça, cinco pessoas em uma casa resolveram escrever histórias de fantasmas. Liderados por Lord Byron (1788-1824) o mais famoso poeta romântico da literatura britânica, seu médico, John William Polidori (1795-1821), o poeta Percy Shelly, Mary Shelly (sua namorada na época) e Claire Clairmont (1798-1879) meia-irmã de Mary, cada um ficou responsável por criar uma história. A proposta de Byron não foi muito longe. O nobre autor começou uma história, e publicou um fragmento no fim de Mazeppa. Já John Polidori escreveu um caso de uma mulher que espia por um buraco de fechadura e tem a cabeça transformada em caveira. Percy Shelley redigiu o Fragmento de uma História de Fantasma, pouco conhecido hoje. Obcecada, Mary começou com um conto, que expandiu graças aos pedidos do já então marido Percy Shelly - na época eles eram namorados, e antes disso, Mary foi amante de Percy, que era casado com Harriet, até ela morrer afogada - a versão oficial, ainda hoje bastante questionada, é a de que ela se suicidou em um lago do Hyde Park, em Londres.

Frankenstein tem uma margem filosófica muito profunda. Romântica, não há como não sentir a mão do filósofo Rousseau (1712-1778) quando o demônio (é assim que a criatura é chamada pelo criador no livro) no capitulo 10 travando um longo dialogo afirma que era bom, mas as desgraças que aconteceram em seus percalços o tornaram mal e rancoroso:

''Crê-me, Frankenstein, eu era bom; minha alma estava cheia de amor pela humanidade; mas não estou só, miseravelmente só? Tu, meu criador, me odeias; que esperança posso ter junto aos teus semelhantes, que nada me devem? Eles me rejeitam e me odeiam. As montanhas desertas e as geleiras lúgubres são o meu refúgio. Tenho perambulado por aqui há muitos dias; as cavernas geladas, que só eu não temo, me servem de morada, a única que o homem não inveja.''

Esse rancor (principalmente pelo seu criador) se mostra mais visível na fala:

''Maldito o dia em que me foi dada a vida!'', exclamei em agonia. ''Maldito seja meu criador! Por que criar este monstro tão hediondo que sou, do qual até tu desvias o olhar repugnado? Deus, que é piedoso, fez o homem belo e atraente, à Sua imagem. Minha forma, porém é uma versão impura da tua, ainda mais horrenda pela própria semelhança. Satã tinha seus comparsas, seus demônios-irmãos para admirá-lo e incentivá-lo; eu, no entanto, sou solitário e abominado.''

Com dor e remorso pelas tragédias que causou: a morte do irmão, da mulher e de seu melhor amigo pelas mãos da criatura. Em uma caçada mortal, ele avança pelo norte buscando a morte daquele ser repugnante.

A ciência na medida que nos deu poderes de discernimento, abriu fronteiras e quebrou paradigmas, alterando o que se é normal: a condição da morte, da vida e até da ressurreição (tema do post da semana passada sobre H.P. Lovecraft) nos empurra para um abismo moral e ficamos sem saber o que fazer no final.

terça-feira, 7 de junho de 2016

Ressurreição macabra - O Caso de Charles Dexter Ward (H. P. Lovecraft)



DE UM HOSPITAL particular para doentes mentais, nas proximidades de Providence, em Rhode Island, desapareceu há pouco tempo uma pessoa extraordinariamente singular. Chamava-se Charles Dexter Ward e fora internado com grande relutância do pai, o qual, pesaroso, vira sua aberração transformar-se de mera excentricidade numa lúgubre obsessão que implicava a possibilidade de tendências assassinas e uma mudança peculiar de sua estrutura mental. Os médicos confessam-se bastante desconcertados com seu caso, pois apresenta singularidades de caráter fisiológico geral e, ao mesmo tempo, psicológico. - H. P. Lovecraft.

Obra publicada postumamente em 1945 mas escrita em 1927, O Caso de Charles Dexter Ward talvez seja um dos grandes marcos para as histórias de terror de todos os tempos. Com um estilo único de narrativa, o autor nos mergulha no processo de loucura que toma o jovem Charles Ward, ''um estudioso e um apreciador de antiguidades'' que após começar a pesquisar sobre seu tetravô, um homem de comportamento excêntrico e moral duvidosa, tem acessos de uma loucura singular.

Com um tom relacionado muito as histórias policiais, o Dr. Willet, médico e amigo da família, empreende uma investigação acerca dos mistérios que envolveram Charles e que culminaram em sua loucura.

Li comentários que a história seria um plágio da opus maximus de Mary Shelley, Frankenstein. Os elementos obscuros das narrativas não se misturam, mesmo envolvendo ciência (alquimia). Mary Shelley em 1818 propõe em sua obra, não a ressurreição, mas sim a criação de algo, algo novo, algo vivo a partir de ciência e investigações. Lovecraft propõe coloca outra temática: a temática da mistura de alquimia (sais essenciais) com magia negra como método de ressurreição, atração e banimento de espíritos.

A atmosfera sombria e linguagem de época tem a dar um certo cansaço ao leitor. Lovecraft não se mostra muito hábil em narrativas longas, porém é inegável que sua capacidade de criar bons enredos. Os elementos dos ''Mitos de Cthulhu'' estão ali: Necromicon, Abdul Alhazred, o terror vindo de outra dimensão e etc. No final da vida seus últimos contos se tornaram longos e inertes, mas não apagam nem um pouco sua genialidade.