DE UM HOSPITAL particular para doentes mentais, nas proximidades de Providence, em Rhode Island, desapareceu há pouco tempo uma pessoa extraordinariamente singular. Chamava-se Charles Dexter Ward e fora internado com grande relutância do pai, o qual, pesaroso, vira sua aberração transformar-se de mera excentricidade numa lúgubre obsessão que implicava a possibilidade de tendências assassinas e uma mudança peculiar de sua estrutura mental. Os médicos confessam-se bastante desconcertados com seu caso, pois apresenta singularidades de caráter fisiológico geral e, ao mesmo tempo, psicológico. - H. P. Lovecraft.
Com um tom relacionado muito as histórias policiais, o Dr. Willet, médico e amigo da família, empreende uma investigação acerca dos mistérios que envolveram Charles e que culminaram em sua loucura.
Li comentários que a história seria um plágio da opus maximus de Mary Shelley, Frankenstein. Os elementos obscuros das narrativas não se misturam, mesmo envolvendo ciência (alquimia). Mary Shelley em 1818 propõe em sua obra, não a ressurreição, mas sim a criação de algo, algo novo, algo vivo a partir de ciência e investigações. Lovecraft propõe coloca outra temática: a temática da mistura de alquimia (sais essenciais) com magia negra como método de ressurreição, atração e banimento de espíritos.
A atmosfera sombria e linguagem de época tem a dar um certo cansaço ao leitor. Lovecraft não se mostra muito hábil em narrativas longas, porém é inegável que sua capacidade de criar bons enredos. Os elementos dos ''Mitos de Cthulhu'' estão ali: Necromicon, Abdul Alhazred, o terror vindo de outra dimensão e etc. No final da vida seus últimos contos se tornaram longos e inertes, mas não apagam nem um pouco sua genialidade.