terça-feira, 11 de julho de 2017

Um espirito em fuga - Aprisionado com os Faraós (H.P. Lovecraft)


Mistério atrai mistério. A partir da ampla divulgação do meu nome como artista de feitos inexplicáveis, deparei-me com relatos e eventos estranhos que as pessoas passaram a vincular aos meus interesses e atividades. Alguns foram comuns e irrelevantes, outros ainda produziram experiências esquisitas e arriscadas, e, por fim, alguns me envolveram em vastas pesquisas científicas e históricas. Muitos desses casos tornei públicos e vou continuar a falar a respeito deles com absoluta franqueza, mas eiste um sobre o qual falo com grande relutância e o qual estou contando agroa somente após uma reunião dura em que fui persuadido pelos editores de uma revista que tinham ouvido rumores vagos a esse respeito de outros membros da minha família. - H.P. Lovecraft

Publicado em maio de 1924 e reimpresso na edição de julho de 1939 da Weird Tales, o conto de Lovecraft narra as aventuras do mágico mais famoso do mundo na terra do Egito. Nosso narrador nos conta que, durante uma viagem ao Egito, teve curiosidade em visitar as pirâmides à noite, para que pudesse adentrar nos lugares proibidos e descobrir seus segredos. Seu desejo se realiza de forma abrupta, quando os nativos o acorrentam e abandonam no interior de uma das pirâmides, e o desafiam a sair de lá.

Dividido em duas partes, o conto explora o lado histórico do personagem e do ambiente. A primeira é a decoberta - a apresentação do narrador e uma grande aula sobre o Egito Antigo, a segunda é o desenvolvimento do horror com elementos religiosos, mostrando o arrependimento do próprio mágico de ter lido sobre as antiguidades do local e sua incredulidade diante os mistérios ancestrais: "as múmias compostas lideradas através dos vazios de ônix mais extremos pelo rei Quéfren e sua rainha necrófila Nitocris...".

Os mais atentos notaram indiretamente a presensa de um dos antigos mais conhecidos do mundo dos Cthulhu Mythos: Nyarlathotep. Houdini morreu dois anos depois do conto ser publicado, o que nos faz pensar no que o mágico pensou ao ler aquele conto - publicado por Lovecraft como ghost-writer. Por uma longa parte de sua vida o mágico passou a desmascarar espíritas e falsos médiuns, que empregavam truques semelhantes aos ilusionistas para enganar a fé de pessoas desesperadas em busca de conforto.