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segunda-feira, 16 de julho de 2018

As influências literárias em O Rei de Amarelo e o seu legado - via NotaTerapia


O Rei de Amarelo, de Robert W. Chambers, teve sua primeira tradução para o português publicada este ano pela editora Intrínseca. Ela surge como uma “nova-velha” obra: foi publicada em 1895, influenciou diversos autores posteriores, como nós veremos a seguir, mas recebeu influência de outras obras e correntes literárias no próprio século XIX em que foi escrito. E está sendo redescoberta agora.

Chambers trouxe à tona nesta coletânea de contos um gênero literário que, posteriormente, passou-se a nomear weird fiction, um terror cósmico. Nos contos interligados do autor encontramos uma mistura de enredo futurista com a atmosfera decadentista do final do século XIX. Os quatro primeiros contos têm em comum, no enredo, uma peça de teatro que enlouquece aqueles que a lêem, e ela se chama também O rei de amarelo.


Ler a obra de Chambers é quase o mesmo trabalho que o de um detetive, mas decifrar o discurso presente no livro dentro da chamada Mitologia amarela é um desafio distante de ser concluído. Por isso, a ideia desta lista ainda não é identificar somente o que seria essa Mitologia Amarela – que, mais tarde, surgiu como o chamado Mito de Hastur, Carcosa ou de Cthulhu, o conjunto de deuses “antigos” e lendas criadas por Lovecraft – mas mostrar quais foram as influências que Chambers pode ter recebido e quais ele originou. Além disso, a ideia é trazer obras que não são muito populares e ir recriando o cenário amarelo.

Durante a leitura da obra, o que ocorre é que podemos entender o conteúdo da peça O Rei de Amarelo como transgressora: ela inaugura uma nova realidade na vida do personagem, na qual vemos que a existência humana é mais complexa e frágil do que o cenário social poderia indicar. Nem por isso a peça será uma benfeitora na vida do personagem. Ela transgride suas certezas e noções da vida mundana para mostrar a ele que a vida não é constituída por fases a ser superadas ou meras reputações. Ela pode ser mais turbulenta porque se mistura a inúmeras vidas e passados, são realidades paralelas. Assim, é quase um sonho ininterrupto, com humanos passando por desesperos que são uma constante. Por isso, creio que a própria mente humana pode ser a Carcosa do Rei, constituída por fatos e sonhos. E o terror existe ao se constatar que estariam encarcerados numa vida que já carrega o sonho e a realidade sem divisões.

Assim, foi por meio das indicações das notas de rodapé feitas por Carlos Orsi na tradução para o português que passei a procurar as obras citadas por ele para entender o que seria Carcosa, Hastur, o rei, o verdadeiro terror que encontramos na narrativa. E acabei encontrando contos e livros que revelam quase uma tradição ao mencionar esses nomes. É o que você verá a seguir, com os comentários da minha leitura das obras.

O conto A Máscara da Morte Vermelha, de Edgar Allan Poe (1842)


Este conto foi publicado em 1842 e, definitivamente, influenciou Chambers na composição da figura do Rei quando ele surge no poema que inaugura a edição, pois no poema o Rei possui um manto em retalhos. Além disso, Chambers usa no primeiro conto o termo “Máscara Pálida” que foi incorporado na Mitologia Amarela, pelos autores que vieram depois, como uma máscara que o rei ou um emissário dele usava. E esta máscara teria semelhanças com o enredo do conto de Poe. Neste, o Príncipe Prospero resolve se fechar em um castelo com alguns dos nobres da corte para evitar ser contaminado por uma espécie de peste que vinha se alastrando, a Morte Vermelha (ou Rúbra). Mas, quando Prospero concede uma festa em que todos devem usar uma máscara, há um ser desconhecido que surge entre os convidados, portando uma máscara da qual escorre sangue e mancha as vestes em retalho. A criatura parece ser o terror e a Morte Rúbra personificados, por isso se parece com a ideia do Rei que espalha a loucura como uma peste.

Para ler o conto clique aqui

O conto Le Roi au Masque d’Or (The King in the Golden Mask), de Marcel Schwob (1892)


O Rei na Máscara de Ouro é o primeiro conto que dá nome à coletânea de Marcel Schwob e foi publicado em 1892. Ele tem grande semelhança com o conto de Poe e, novamente, a atmosfera sombria da figura que desconhecemos do Rei, na peça que os personagens leem no enredo de Chambers. A história é bem curiosa e mostra um rei que segue uma regra de seus antepassados: ele deve usar sempre uma máscara de ouro e os seus súditos as máscaras com as expressões que lhes convêm. O rei entra em crise, porém, quando um mendigo passa pelo castelo e insinua que o rei era enganado pelo mundo por nunca ter visto o rosto dos outros, e nem conhecer a própria face.

Para ler o conto em francês clique aqui

O conto The Yellow Wallpaper (O Papel de parede amarelo), de Charlotte Perkins Gilman (1892)


Este conto é um marco na literatura feminista americana e está na lista porque foi publicado três anos antes de O Rei de Amarelo. Nele, a temática se assemelha ao enredo de Chambers e é possível que ele tenha lido ou conhecido a sua polêmica. A cor amarela é predominante pela forma de um papel de parede que Jane, a protagonista que narra a história, passa a notar que muda de aparência. Ela vê sombras, novos rostos e formas ganhando vida. O conto foi criticado na época por um médico dizendo que a sua leitura era perigosa para pessoas com “distúrbios mentais”. A questão é que a autora fez o conto justamente para retratar o terror pelo qual ela passou, como é ser reprimida pelo marido ao apresentar sintomas de depressão após começar a vida de casada e ter um filho.

Para ler o conto em inglês, clique aqui

O conto Haïta The Shepherd (Haïta O pastor), de Ambrose Bierce (1891)


Neste conto publicado por Bierce em 1891, é inserido pela primeira vez o nome Hastur, que terá inspirado Chambers a usá-lo em sua obra. Em Bierce, Hastur teria sido derivado da província espanhola Asturias e lembra a sonoridade de “pasture”, e justamente o personagem deste conto é um pastor. Chambers usa Hastur como o nome da cidade onde Cassilda e Camilla residem. Elas são personagens que existem apenas na peça O rei de amarelo que os personagens leem, e nós só recebemos as referências sobre elas por meio de alguns versos no início dos contos, que indicam serem os trechos do ato II que provocaria a loucura em quem os lê. E ainda, no conto A Demoiselle d’Y’s, Hastur é o nome de uma moça que parece exercer um controle no protagonista. Ela é mais do que uma forma humana, quase uma viajante do tempo. Da mesma forma a personagem feminina nesse conto de Bierce. Nele, Haïta se depara com uma jovem que depois será nomeada Felicidade, aquela que ele nunca poderá ter ao seu lado como esposa.

Para ler em inglês, clique aqui e também está disponível na antologia Hastur Cycle, para download no 4shared aqui

O conto An Inhabitant of Carcosa, de Ambrose Bierce (1891)


O conto de Bierce, publicado em 1891, foi a introdução do nome Carcosa, uma cidade que o personagem busca como salvação, mas logo descobre que a morte o levou e que essa não basta para que um homem deixe de existir. Por isso esse habitante perambula pelas terras em busca de Carcosa, o lugar ideal para usufruir da imortalidade. Carcosa derivaria de Carcassonne, cidade que se situa na França, cheia de muralhas, castelos com uma arquitetura medieval. Bierce também usa Hali como o nome de um profeta, que será citado por Chambers. Mas na obra desse, será o nome do lago em que a cidade de Hastur foi construída e onde Cassilda mora, na peça fictícia O rei de amarelo. Além disso, Hali é o nome árabe para a constelação de Touro, na qual existe Híades e Aldebarã, mencionadas no poema e no conto de Chambers como sendo estrelas negras que ficariam acima de Carcosa, onde o Rei habita.

Para ler em inglês cliquei aqui e também está disponível na antologia Hastur Cycle, para download no 4shared aqui

O poema Carcassonne, de Gustave Nadaud


O poema teria inspirado também Chambers a escrever o seu poema introdutório à coletânea. No poema de Nadaud, o eu lírico espera encontrar Carcosa, esta cidade perdida e existente no imaginário daquele que sonha com quase uma utopia. Carcassonne se apresenta como uma Babilônia, onde se encontra o descanso de uma vida cheia de erros. O eu lírico relata que seus parentes conheceram cidades, mas ele não viu Carcassone, apenas depois da morte. A questão é que ele termina o poema dizendo que “Cada mortal tem sua Carcassonne”, e isso faz pensar se ela existe na própria palavra ou na mente humana como artifício.

Para ler a tradução em inglês e o original em francês, clique aqui

Rubaiyat, de Omar Khayyam


A versão em inglês da seleção de poemas de Khayyam (1048-1131), originalmente em persa, foi feita por Fitzgerald, em 1859, o que deu a chance ao Ocidente de conhecer a obra do poeta. A palavra rubaiyat, derivado do árabe, significa “quatro”, um poema com uma estrofe de duas linhas, com duas partes cada. Na obra, Khayyam exalta a beleza da vida e a possibilidade do homem em transcendê-la pelo vinho ou até por um livro de poesia, gozar a vida antes de se tornar pó, e acrescenta ter ouvido as razões sobre o universo de um Doutor e de um Santo, para sair da porta tão crente quanto ao entrar. O eu lírico diz ter passado pelos Sete Céus – as sete artes liberais – e não conseguiu resolver os enigmas do universo, nunca conseguiu desatar “o nó do Humano Fado”. Duas estrofes aparecem no início dos contos O paraíso do profeta e O Pátio do Dragão, e introduzem a impossibilidade dos protagonistas de Chambers em entender o significado do tempo e deste mundo alternativo que aparece em sonhos ou em pesadelos coletivos.

Para ler a tradução em português de Alfredo Braga, clique aqui. A edição que consultei é bilíngue, traduzida por Jamil Almansur Haddad.

A peça Salomé, de Oscar Wilde (1891)


A referência à cor amarela no título da obra de Chambers e nas vestes do Rei é por causa do significado dela no século: era o símbolo da loucura, da boemia, do amor misturado à luxúria. Livros proibidos tinham a capa com esse tom. E o frissoncausado pela obra de Chambers foi tão grande, no momento de sua publicação e mais ainda entre os autores seguintes, que se passou a atribuir a algumas obras o mesmo teor de loucura que há na peça do enredo – Salomé, de Oscar Wilde, é um exemplo. Nela, Salomé exige ao rei ter a cabeça de São João Baptista na bandeja por um capricho, já que ele havia se recusado a beijá-la. Mas Salomé só consegue que seu desejo seja atendido após executar a Dança dos Sete Véus. A obra de Wilde e o perigo na forma da dança de Salomé teriam inspirado Chambers a inserir uma peça insana e um rei com vestes amarelas na sua obra. E mais ainda, em O Retrato de Dorian Gray, de Wilde, há um livro amarelo que fascinou o personagem, que por sua vez, pode ter sido Às Avessas, de Huysmans. Há toda uma literatura “amarela” no século XIX, apresentando esses livros dentro de narrativas quase como transgressões na vida dos personagens.

Para ler o livro Salomé, clique aqui

Poema Os sete velhos, de Charles Baudelaire (1857)


Não sabemos se Chambers, de fato, leu o poema Os sete velhos, de Baudelaire, em As Flores do Mal, mas a semelhança com a atmosfera dos contos Emblema Amarelo e O Pátio do Dragão é surpreendente. Em ambos os contos encontramos a única forma daquele que pode ser o emissário do Rei ou uma de suas formas, já que a criatura não veste amarelo, mas anda com trapos, parece ter uma pele de cera branca e os persegue, seja tocando órgão numa igreja e nas ruas, seja nos sonhos do protagonista. O poema revela versos que poderiam muito bem estar no enredo de Chambers e, ao final, parece revelar que o eu lírico se encontra em um mundo perturbado, com sua alma dançando “sem mastros, sobre um mar fantástico e sem bordas!” e que este ser que o incomoda vai “não se sabe para que outro mundo”. A razão se perde a partir do encontro na rua enevoada com um velho de trapos que “pareciam reproduzir a cor do tempestuoso céu” e que tem a silhueta “quebrada” e leva um bastão que lhe dá um ar mais nefasto.

Para ler o poema traduzido para o português, clique aqui e a versão original em francês aqui. A tradução que consultei foi a da Editora Nova Fronteira, 2006.

H.P. Lovecraft (20/08/1890 – 15/03/1937)


São algumas as referências que Lovecraft teria feito ao universo amarelo de Chambers. Sabe-se que o autor teria lido a obra por volta de 1927, quando seu estilo já estava bem definido e já havia criado Necronomicon, este livro também perigoso como a peça. Na introdução, Carlos Orsi diz que em apenas Um sussurro das Trevas (1931) Lovecraft citou Hastur, mas que a Mitologia de Cthulhu acabou incorporando Chambers por meio de August Derleth, quem os relaciona no conto O retorno de Hastur e passa a instigar o interesse de outros autores (e leitores também) a compor uma Mitologia Amarela próxima a de Lovecraft. Mas nas minhas leituras dá para encontrar certas semelhanças entre os contos Dagon, Ar frio e O modelo de Pickman, de Lovecraft, e O Pátio do Dragão, Emblema Amarelo eA Máscara, de Chambers. Há o protagonista que é um pintor desejando encontrar no grotesco a beleza em sua forma pura, mesmo que precise compactuar com os submundos dúbios da ciência como sinônimo de encontro com a imortalidade ou o registro de criaturas estranhas. Além disso, tem a existência de uma atmosfera de terror por conta de um emissário do rei, ou uma criatura de tentáculos, que se faz como uma ameaça permanente.

O conto More Light, de James Blish (1970)


Este conto de James Blish, publicado em 1970, é a tentativa mais fiel de criar a famosa peça O rei de amarelo. Blish foi leitor de Chambers e tentou compor a peça, na qual Hastur é a cidade em outro planeta em que a rainha Cassilda e sua filha Camila residem. No início do conto A máscara, temos um dos únicos trechos que Chambers deixou registrado na sua coletânea como se fosse a tão temida peça:

“Camilla: O senhor deveria tirar sua máscara.
Estranho: É mesmo?
Cassilda: É mesmo, está na hora. Todos tiramos nossos disfarces, menos o senhor.
Estranho: Eu não estou de máscara.
Camila: (Horrorizada, em particular para Cassilda) Não é máscara? Não é máscara!”

H.P.Lovecraft enviou cartas a Blish e o autor William Miller, em que ele diz ser uma tarefa complicada e insuficiente tentar criar um Necronomicon, essa obra que assustaria por revelar as verdades mais sombrias da existência. Mas Blish aceita a tarefa de tentar constituir a peça de Chambers e o resultado é satisfatório para quem tem curiosidade de vivenciar a leitura como se fosse um personagem de Chambers entrando em contato com a tão perigosa peça.

Tanto os contos de Ambrose Bierce quanto o conto More Light, de Blish, estão na coletânea Hastur Cycle, que está disponível para download aqui.

O livro A Maldição do Cigano, de Stephen King (1984)


A obra de Stephen King conta a história de Billy Halleck um advogado que vê sua vida amaldiçoada quando atropela uma velha cigana. O enredo não tem relação direta com Chambers, apenas pelo fato de haver um bar chamado Hastur que é destruído em um incêndio e, em seu lugar, é construída uma loja de produtos alternativos chamada O Rei de Amarelo.

O conto A study in emerald (Um estudo em esmeralda), de Neil Gaiman (2003)

O conto Um estudo em esmeralda coloca o detetive Sherlock Holmes e seu amigo Dr. Watson numa atmosfera inspirada no Mito de Cthullu, de Lovecraft. Gaiman cita Carcosa na passagem em que Watson relata ter assistido uma peça. O conto traz o assassinato do príncipe da Boêmia, Franz Drago, sobrinho dileto da Rainha Vitória, na Londres do século 19, em circunstâncias muito estranhas, indicando a presença de possíveis monstros que existiriam à espreita, atacando desde o princípio dos tempos.Este tipo de terror permanente, de uma criatura desconhecida, existe também no fato de não sabermos a origem de Carcosa e os poderes do rei, que os exerce por uma simples peça teatral. Além disso, Hastur é o nome de um anjo caído no livro Belas maldições, de Gaiman e Terry Pratchett.

Para ler o conto em inglês, clique aqui. E para ler em português, aqui

A série True Detective (1ª temporada – 2014), de Nic Pizzolatto

O seriado True Detective foi uma das grandes surpresas deste ano, vencedor de quatro Emmys e conquistou muitos fãs para a próxima temporada, com elenco e enredo independentes. A 1ª temporada contou a história de dois detetives, Rust Cohle e Marty Hart, que precisam encontrar um assassino em série em Louisiana. Os oito episódios mostram diversas linhas do tempo, com os 17 anos em que os dois estiveram envolvidos na investigação. O crime parece estar relacionado a uma seita religiosa que promete um encontro com o Yellow King (O Rei de Amarelo), por folhetos distribuídos entre as cidades. Uma das vítimas o tem em um caderno e sua morte apresenta um teor simbolista, quase um sacrifício às entidades. Aqui, o curioso é ver como alguns elementos da obra de Chambers são apropriados de forma inteligente. Encontrar Carcosa é quase o mesmo que olhar para o universo puro. A condição humana é explorada na série nas várias falas céticas de Rust e nos atos dos próprios personagens. Louisiana, tão inóspita quanto o deserto que vemos no conto As Demoiselles d’Ys, é opressora e cheia de camadas como Carcosa.

quarta-feira, 15 de março de 2017

Nova previsão de impressão de ''Arthur Machen - O mestre do oculto" e outras notícias da Clock Tower


Saudações amigos,

Vou lhes falar sobre o status de produção do livro de Machen, mas antes peço um minuto de atenção a outras coisas:

- EDITORA JOVEM
- INFLUÊNCIA PARA OUTRAS
- ONDA DO MERCADO

Sou sincero em lhes dizer que nós somos uma editora jovem, com apenas 3 livros lançados até o momento, isso não é nem o começo quando se fala em catálogo para uma editora. E ninguém nos ensinou a fazer livros, fomos aprendendo, perguntando e se informando, mas sempre tentando fazer o melhor no sentido de tentar trazer produtos com alguma diferenciação. E esses diferenciais (nomes dos compradores nos livros, alguns de nossos livros saem com ilustrações, fontes e papeis mais amigáveis, exemplares numerados, etc... tem sido de certa forma copiados por outras editoras, e eu acho isso é bom, bom para o leitor, mas vai de vocês verem quem está se inspirando e fazendo também um bom trabalho ou quem está indo na onda). Como falei anteriormente traduzir e publicar é fácil, mas não é esse o caminho que escolhemos.

CASO DO PROJETO FRACASSADO: HELLRAISER - RENASCIDO DO INFERNO
Eu tinha um projeto para lançar esse clássico do gênio Clive Barker, até fiz um contato com a agente literária dele. Mas, como envolvia pagamento e direitos autorais e uma cota de no mínimo 1000 livros impressos para mim foi complicado, uma vez que não temos tanto apoio assim por edição, sei que tem um pessoal muito engajado com a editora, mas em termos qualitativos e não quantitativos. Então publicar escritores com direitos autorais é ainda um desafio. Não vou mencionar qual editora lancou tal livro a partir da divulgação de nossa ideia nas redes sociais, mas eu tenho certeza absoluta que faríamos um trabalho muitíssimo melhor. Mesmo ele tendo sido lançado, quiçá um dia eu consiga um acordo e maior apoio eu lancarei esse clássico ai vocês vão ver o que estou falando...

O fato de já ter em nosso idioma não significa nada eu acredito, pois como falei o leitor hoje não está mais interessado em ter isso ou aquilo traduzido, o desafio é apresentar algo novo. Vejam o exemplo do nosso 'O Mundo Fant. de HP Lovecraft' que foi muito bem recebido, muito embora tais contos presentes nele já tinham sido traduzidos e lançados muitas vezes antes...

TENDENCIA DE LANÇAMENTO FUTUROS
Devido a esse crise ou a gente se adpata ou deixa de existir, em face disso e eu busquei inspiraçao em algumas editoras extrageiras que lançam produtos com qualidade, mas com um pouco menos de páginas (quiçá até lançar em volumes, que no final se traduzirá em um número maior de páginas traduzidas), e no momento apenas livros brochura, mas sempre com qualidade.

PRÓXIMOS PROJETOS
Por conta do que ocorreu com HELLRAISER eu pensei em deixar em off nossas ideias de livros. Mas, estou mudando um pouco de opinião e vamos começar a falar de projetos que estão no prelo. Acho que o público esta amadurecendo e entendendo muito bem o que é lançar livros na esteira ou na onda de outro, e mais do que apenas pegar algo traduzido o pessoal quer algo diferente, e esses diferencias estamos pensando sempre em novos.

Talvez livros assim signifiquem redução de preços, ou pelo menos seja uma alternativa a não aumentar os valores.

Talvez a gente faça campanhas no Catarse (se for viável, uma vez que o custo lá também é alto) e parta para a divulgação das propostas da editora em eventos.

Breve irei divulgar alguma coisa ai e tenho certeza que vocês vão se surpreender com o que virá.

PROBLEMAS TÉCNICOS
Como falei somos uma editora jovem, e infelizmente tivemos alguns problemas quanto a revisão. Tanto que nesse projeto atual do livro de Machen deixamos o trabalho de diagramação, capa e revisão para depois da campanha. Talvez no próximo livro a gente equilibre um pouco isso, fazendo quem sabe a capa pelo menos antes de fechar a campanha. Nesse livro antes de fechar a campanha nós tinhas os contos traduzidos apenas.

Eu sei que muitos estão ansiosos para ter o livro em mãos, mas não adianta correria e ter um produto com problemas. Pensamos em algumas estratégias para melhorar a revisão dos livros e isso de deixar uma parte do processo para depois da campanha faz parte desses esforços, entre outras coisas mais...

STATUS DO LIVRO E PREVISÃO
Nosso livro já está diagramado e a capa concluída e parte revisado. Restando agora a revisão que acredito dia 10 de abril estará pronta. Nesse mesmo dia também fecharemos acredito a ficha catalográfica, ISBN e orçamento com as gráficas. A nova previsão é que em abril seja impresso o livro, e no máximo maio estejamos enviando...

Abraços, Denilson Ricci, editor da Clock Tower

quinta-feira, 2 de março de 2017

No IFRN da Cidade Alta, a Sci-fi continua sonhando

E.L.A, exposição em cartaz no IFRN - Cidade Alta

A história é uma ficção cientifica, um sonho ou um simulacro de realidade. Fala sobre preservação da memória e identidade, apresentando uma personagem feminina querendo encontrar um caminho que logo ela mesma percebe ter a chave - Leander Moura

Os fãs de ficção científica tem crescido no Brasil - isso já é um fato. Agora, eles (fãs) tem uma exposição só sobre o tema. O artista Leander Moura trás ao público seguir a personagem E.L.A. como se estivesse folheando um livro.



Os fãs de science fiction conhecem já a muito tempo Leander. Foi ele que em 2014 realizou a graphic novel O evangelho segundo o sangue em co-autoria com o roteirista Marcos Guerra. Atualmente Leander é colaborador da editora Clock Tower, para a qual fez a capa do livro O Rei de Amarelo e ilustrou o livro O Mundo Sombrio – histórias de mitos de Cthulhu por Robert E. Howard.

As obras trabalham o conceito de simulacros de realidade, em uma narrativa visual, que tenta levar o público a transitar pela história da personagem E.L.A. Além das pinturas trabalhadas em aquarela e nanquim, os visitantes vão poder folhear os originais e o estudo realizado pelo artista, que contém o passo a passo deste trabalho a partir de sua concepção.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

NOTÍCIAS - O MUNDO SOMBRIO e O REI DE AMARELO VOLTARAM - FIM DA CAMPANHA ARTHUR MACHEN


Os livros O Mundo Sombrio, Histórias dos Mitos de Cthulhu de Robert E. Howard', criador de Conan, o Bárbaro, e O Rei de Amarelo, clássico de 1895 de Robert W. Chambers, voltaram a ficar disponíveis a venda no Site Lovecraft.


O motivo dos livros ficarem indisponíveis foi devido aos compromissos com o livro Arthur Machen - O Mestre do Oculto (que segue normalmente as vendas na webstore até essa sexta, quando expira o prazo prorrogado).


O Mundo Fantástico de H.P. Lovecraft está com as três edições esgotadas e não existe previsão para nova reimpressão.

Mais informações sobre a editora e os livros:

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Notícias: Clock Tower - Arthur Machen - Prazo prorrogado

Foi prorrogado até dia 13 de janeiro a campanha do livro "O Mestre do Oculto" produzido pela Clock Tower sobre Arthur Machen. A campanha que acabaria hoje, teve o prazo estendido devido a muitos pedidos. O processo editorial da Editora Clock Tower segue normalmente com previsão de impressão e envio o 1º trimestre.

A edição limitada reuni 9 contos do autor galês, incluindo sua obra mais conhecida, O Grande Deus Pã (que também é livro da Penalux e foi resenhado pelo Rodrigo Kmiecik) e uma série de extras.

A Editora Clock Tower, responsável pelo lançamento de O Rei de Amarelo de ChambersO Mundo Sombrio de Robert E. Howard (indisponíveis temporariamente para aquisição) e O Mundo Fantástico de H.P. Lovecraft (esgotado no momento), está terminando o financiamento de Arthur Machen – O Mestre do Oculto, primeira obra mais completa em português reunindo obras do autor. E a editora tem planos no futuro de seguir com livros de Machen, uma vez que eles tem material já traduzido para mais 2 livros.


Assim como em seus lançamentos anteriores, a Clock Tower define este novo projeto como um "livro participativo": quanto mais pessoas adquirirem a obra, mais extras poderão ser adicionados. O livro só poderá ser comprado na pré-venda, e depois disso não será mais vendido.

Arthur Machen foi um escritor e jornalista galês, conhecido por suas obras sobrenaturais e de fantasia. Seu conto mais conhecido, a novela O Grande Deus Pã, estará no livro da Clock Tower junto com outras obras inéditas em nosso idioma.

A biobibliografia do autor no livro 'Arthur Machen - O Mestre do Oculto' da Editora Clock Tower irá contar com aproximadamente 18 páginas, fruto da pesquisa do prof. Edgar Smaniotto e de algumas fotos de localidades (entre elas Carleon) da vida de Machen.

Mais informações sobre a editora e o livro:

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Notícias: Clock Tower - Arthur Machen - Último dia


Amanhã é o último dia para da campanha do livro "O Mestre do Oculto" produzido pela Clock Tower sobre Arthur Machen. A edição limitada reuni 9 contos do autor galês, incluindo sua obra mais conhecida, O Grande Deus Pã (que também é livro da Penalux e foi resenhado pelo Rodrigo Kmiecik) e uma série de extras.

A Editora Clock Tower, responsável pelo lançamento de O Rei de Amarelo de ChambersO Mundo Sombrio de Robert E. Howard (indisponíveis temporariamente para aquisição) e O Mundo Fantástico de H.P. Lovecraft (esgotado no momento), está terminando o financiamento de Arthur Machen – O Mestre do Oculto, primeira obra mais completa em português reunindo obras do autor. E a editora tem planos no futuro de seguir com livros de Machen, uma vez que eles tem material já traduzido para mais 2 livros.

Assim como em seus lançamentos anteriores, a Clock Tower define este novo projeto como um "livro participativo": quanto mais pessoas adquirirem a obra, mais extras poderão ser adicionados. O livro só poderá ser comprado na pré-venda, e depois disso não será mais vendido.

Arthur Machen foi um escritor e jornalista galês, conhecido por suas obras sobrenaturais e de fantasia. Seu conto mais conhecido, a novela O Grande Deus Pã, estará no livro da Clock Tower junto com outras obras inéditas em nosso idioma.

A biobibliografia do autor no livro 'Arthur Machen - O Mestre do Oculto' da Editora Clock Tower irá contar com aproximadamente 18 páginas, fruto da pesquisa do prof. Edgar Smaniotto e de algumas fotos de localidades (entre elas Carleon) da vida de Machen.

Mais informações sobre a editora e o livro:


Vídeo:

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Especial Círculo das Ideias: O Grande Deus Pã, de Arthur Machen


Arthur Machen
Arthur Machen foi um escritor e jornalista galês, famoso pelos seus contos e novelas de terror e fantasia. Nasceu em 03 de março de 1863, no pequeno povoado de Caerleon, no Condado de Monmouth, País de Gales.
Por volta de 1890, Machen começou a publicar em revistas de literatura, fortemente influenciado pelos trabalhos de autores como Edgar Allan Poe e Robert Louis Stevenson – Machen era um grande fã de Stevenson, principalmente devido à obra “Dr. Jekyll and Mr. Hyde” (O Médico e o Monstro), de 1841.
"Digo que sou um homem, mas quem é o outro que se oculta em mim?".

Capa da primeira edição de
O Grande Deus Pã, publicada em 1894
Em 1894, publicou o grandioso “The Great God Pan” (O Grande Deus Pã), que é tido até hoje como uma das suas obras-primas. “Um sucesso insano!” foi o que declarou Oscar Wilde, quando o livro foi publicado.
A história causou forte impacto literário no Reino Unido daquela época; jornais criticaram-na arduamente, e tal crítica permaneceu sobre Machen em todas as próximas décadas de sua carreira, sendo um escritor marginalizado e um tanto esquecido, resgatado no Brasil por conta da citação de Machen como influência para H.P. Lovecraft, em seu livro “O Horror Sobrenatural em Literatura”, que levou a Editora Iluminuras  a lançar o livro “O Terror”, de Arthur Machen, contendo as histórias “O Terror” e “Ornamentos em Jade”. Agora, em 2016, a Editora Penalux nos presenteou com uma ótima edição de “O Grande Deus Pã”.


O Grande Deus Pã
Falemos sobre “O Grande Deus Pã”, então:

O livro traz uma história densa, construída por fragmentos de acontecimentos, como ocorre em “O Chamado de Cthulhu”, de H.P. Lovecraft. O mistério e o horror são construídos gradualmente e com perfeição por Machen. Sutilmente, a cada assassinato misterioso, a cada suicídio registrado, a cada observação feita pelos personagens; um por um, os tijolos de um horror são postos e fazem elevar as muralhas do medo ao redor do leitor.

A trama é basicamente a seguinte:

No início da história, o neurologista Dr. Raymond faz um experimento com uma garota: o doutor busca contato com Pã por intermédio de Mary, a garota. Após a diabólica experiência psíquica, a garota perde a razão e entra em estado vegetativo, porém, o Dr. Raymond parece obter êxito:
“- Sim – disse o doutor, ainda com total frieza – É uma grande pena; está irremediavelmente idiotizada. Contudo, não havia outro meio; e, afinal, ela viu o Grande Deus Pã”.
Anos depois, tem início um terror crescente na cidade. Misteriosos acontecimentos ocorrem, relacionados a uma mulher desconhecida chamada Helen Vaughan. Uma série de mortes toma conta dos rumores entre os moradores. Suicídios com horror tangível estampado nos rostos dos mortos, como se houvessem sido mortos por susto ou medo. Então, o Sr. Clarke, personagem que acompanhou e testemunhou o hediondo experimento do Dr. Raymond, vai atrás de respostas para o mistério, mergulhando nas brumas acerca das mortes e quais as relações do horror com a estranha Helen Vaughan.

O Grande Deus Pã, edição da
Editora Penalux, de 2016
Essa história é, sem dúvidas, uma das melhores e mais importantes obras da Literatura de Horror do final do século XIX, ao lado de "O Rei de Amarelo" (1895), de Robert Chambers. Inclusive, a estrutura e a maneira de como a trama são construídas, e também como os eventos são apresentados, é bem semelhante em ambas as geniais histórias.
Machen apresenta conhecimento e um incrível fascínio pessoal pela mitologia celta e romana que povoava as terras onde cresceu e se tornou escritor (País de Gales e Inglaterra; terras que foram, há séculos, colônias romanas na vasta Europa bárbara). Tal conhecimento nessas mitologias nos proporcionam escritos de horror e mistério sobre deuses e mitos fantásticos, tratados com genialidade insuperável pelo autor.

Não há adjetivos suficientes para descrever a genialidade de Arthur Machen. Sua obra é tão significante que ecoou por todas as sombrias ruas da Literatura de Horror, influenciando os mais notáveis escritores como Clark Ashton Smith, H. P. Lovecraft, Robert E. Howard, Karl Edward Wagner, Clive Barker, Stephen King, entre outros.
O próprio Lovecraft declarava que "O Grande Deus Pã" era uma das maiores obras na história da Literatura". Eu acredito que sua história "O Horror de Dunwich" foi fortemente influenciada pelos escritos de Machen, em especial esta história que aqui comento, pois ambas lidam com um mistério crescente acerca de um filho amaldiçoado, o fruto proibido de uma consumação diabólica. Robert E. Howard também foi influenciado por histórias como "O Vale dos Seres Brancos" (The White People). Howard utilizou criaturas e mitos criados por Machen em vários de seus contos de horror, como "O Povo Pequeno" e "Vermes da Terra".

Em suma, Arthur Machen foi um gênio fora de seu tempo, um apaixonado por literatura e mitologia, pelo terror, psicologia humana, pelo oculto e cósmico. É por isso que sua obra é tão versátil e cheia de mistério, pois Machen consegue transmitir sua paixão por tais temas em suas histórias, suas tramas, personagens e desfechos terríveis. Com certeza é um autor que merece ser publicado em nosso país; eis aqui meus parabéns à Editora Penalux, pela publicação deste clássico. E que venham mais autores e mais livros de mesma importância à tona. Sinto que após a publicação deste livro em terras brasileiras, seus leitores estarão sempre mais atentos aos sons da floresta, à luz fria da lua, iluminando as folhagens frescas da noite, banhadas pelo som da flauta de Pã.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Notícias: Clock Tower... Arthur Machen... Últimos dias

Os últimos dias para da campanha do livro "O Mestre do Oculto" produzido pela Clock Tower sobre Arthur Machen estão se aproximando. A edição limitada reuni 9 contos do autor galês, incluindo sua obra mais conhecida, "O Grande Deus Pã" (que também é livro da Penalux e que será resenhado pelo Rodrigo Kmiecik) e uma série de extras.

A Editora Clock Tower, responsável pelo lançamento de O Rei de Amarelo de Chambers, O Mundo Sombrio de Robert E. Howard (indisponíveis temporariamente para aquisição) e O Mundo Fantástico de H.P. Lovecraft (esgotado no momento), está terminando o financiamento de Arthur Machen – O Mestre do Oculto, primeira obra mais completa em português reunindo obras do autor. E a editora tem planos no futuro de seguir com livros de Machen, uma vez que eles tem material já traduzido para mais 2 livros.

Assim como em seus lançamentos anteriores, a Clock Tower define este novo projeto como um "livro participativo": quanto mais pessoas adquirirem a obra, mais extras poderão ser adicionados. O livro só poderá ser comprado na pré-venda, e depois disso não será mais vendido.

Arthur Machen foi um escritor e jornalista galês, conhecido por suas obras sobrenaturais e de fantasia. Seu conto mais conhecido, a novela O Grande Deus Pã, estará no livro da Clock Tower junto com outras obras inéditas em nosso idioma.

Mais informações sobre a editora e o livro:


Vídeo:


sábado, 15 de outubro de 2016

O'clock do cósmico visionário


É o novo ground. A Editora Clock Tower é junto com a DarkSide Books, aquela que certamente aposta no escuro. As diferenças começam quando a DarkSide Books abrange o terror em todas as áreas, até o fantástico e a Clock Tower se especializa em no horror cósmico.


O Mundo Fantástico de H.P. Lovecraft é uma coletânea de luxo e de capa dura, com dezessete contos, um ensaio, uma memória, duas poesias e um longo soneto. Tido como o livro que mais fez sucesso entre os fãs, foi desenvolvido ao longo de 3 anos, e teve até agora 3 edições. O conforto é garantido: capa dura com laminação brilhante, fita marca-páginas e miolo em papeis pólen da Suzano.



O Mundo Sombrio - Histórias dos Mitos de Cthulhu por Robert E. Howard é praticamente a especialidade do blog. Sendo tema do primeiro Especial do O Golem, Robert E. Howard desfila seus talentos na mitologia criada pelo amigo H.P. Lovecraft adicionando elementos de Poe e Machen e contem também a tradução da biografia de Rusty Burke, considerado entre muitos o maior perito sobre autor.
 


O Rei de Amarelo de Robert W. Chambers não está mais a venda e foi feito para colecionadores: também com notas de rodapé, o livro não só traz os contos do Chambers, mas também os de Ambrose Bierce (Um Habitante de Carcosa e Haita, o pastor), Edgar Allan Poe (A Mascara da Morte Rubra) e o poema de Gustav Nadaud (Carcassone). O meu livro como foi a segunda reimpressão tem o autógrafo do fundador e editor da editora Denilson E. Ricci que concedeu saudosamente uma entrevista ao Golem.

Dos livros que já foram publicados pela editora, qual foi aquele que fez mais sucesso entre os fãs?
Certamente o 1°. 'O Mundo Fantástico de H.P. Lovecraft', pois o livro foi feito para preencher uma lacuna da falta de bons livros do autor em nosso idioma. Tanto foi que o livro tem até hoje três edições.

Vocês pretendem relançar O Rei de Amarelo com textos do Lovecraft sobre Hastur?
Não editamos mais nossos livros, apenas reimprimimos, pois são obras de financiamento coletivo e fica meio complicar editar.

Ocósmico é visionário - o fundador da Editora Clock Tower, Denilson E. Ricci
O mercado literário nacional está deficiente em relação ao fantástico cósmico?
Sim, um pouco ainda, mas tivemos ao longos dos anos também muita coisa boa publicada.

Quais editoras você vê como visionarias em seus trabalhos editoriais?
Gosto muito da Zahar, que sempre trouxe livros bem feitos para os leitores. Também não podemos nos esquecer da Cosac Naify.

Vocês tem material para três livros do Arthur Machen. Porque não fazer um BOX com três livros dando a opção de vender eles separadamente?
Pode ser sim uma opção. Mas, infelizmente não temos condições de lançar tudo de uma vez. Mas, é uma boa opção sim para um futuro.



terça-feira, 4 de outubro de 2016

Redescobrindo a loucura amarela - O Rei de Amarelo (Robert W. Chambers) [ATUALIZADO]

Por volta do fim do ano de 1920, o governo dos Estados Unidos havia praticamente completado o programa adotado durante os últimos meses da administração do presidente Winthrop. O país estava aparentemente tranquilo. Todos sabiam como foram resolvidas as questões tributárias e trabalhistas. A guerra com a Alemanha, em um incidente pelo embargo, por parte desse país, às Ilhas Samoa, não deixou cicatrizes visíveis sobre a república, e a ocupação temporária de Norfolk pelo exército invasor fora esquecida na alegria de repetidas vitórias navais e com a subsequente e ridícula situação das forças do general Von Gartenlaube no estado de Nova Jersey. Os investimentos cubanos e havaianos lucraram cem por cento e o território de Samoa, como um posto de abastecimento de carvão, bem valeu seu custo. O país estava em um estado esplêndido de defesa. Cada cidade da costa havia sido bem-provida de fortificações em terra; o exército, sob o olhar parental do estado-maior, organizado de acordo com o sistema prussiano, ampliou-se para trezentos mil homens, com um contingente reserva de um milhão; e seis magníficas esquadras de cruzadores e navios de guerra patrulhavam as seis estações de mares navegáveis, deixando-se uma reserva a vapor amplamente preparada para controlar as águas locais. Os senhores do Oeste haviam, finalmente, sido compelidos a reconhecer que uma universidade para o treinamento de diplomatas era tão necessária quanto escolas de direito são para a formação de advogados; consequentemente, não éramos mais representados por compatriotas incompetentes. A nação estava próspera. Chicago, por um momento paralisada depois de um segundo grande incêndio, havia se levantado de suas ruínas, branca e imperial, e mais bonita que a cidade branca que fora construída para diversão da nação em 1893. Por todos os lugares, a boa arquitetura estava substituindo a arquitetura de má qualidade, e, mesmo em Nova York, um desejo repentino por decência havia varrido uma grande porção dos horrores existentes. Ruas foram alargadas, propriamente pavimentadas e iluminadas, árvores foram plantadas, praças foram projetadas, estruturas elevadas foram demolidas e vias subterrâneas construídas para substituí-las. Os novos edifícios governamentais e quartéis eram amostras excelentes de arquitetura, e o longo sistema de píeres de pedra que cercava completamente a ilha havia sido transformado em parques que se revelavam como uma bênção à população. O subsídio para o teatro e a ópera estatais trouxe sua própria recompensa. A Academia Nacional de Design muito se assemelhava às instituições europeias do mesmo tipo. Ninguém invejava o secretário de Belas-Artes, muito menos seu gabinete e sua pasta. O secretário de Silvicultura e Preservação da Caça gozava de um momento muito mais calmo graças ao novo sistema da Polícia Montada Nacional. Havíamos lucrado bastante por meio dos últimos tratados com a França e a Inglaterra; a expulsão dos judeus estrangeiros como uma medida de autopreservação, a criação do novo estado negro independente de Suanee, o controle da imigração, as novas leis concernentes à naturalização e a centralização gradual de poder no executivo contribuíram para a calma e a prosperidade da nação. Quando o governo solucionou o problema dos índios e esquadrões de patrulheiros da cavalaria indígena em vestimentas nativas foram substituídos por organizações deploráveis, atreladas à retaguarda de regimentos moldados por um antigo secretário de Guerra, a nação soltou um longo suspiro de alívio. Quando, depois do colossal Congresso de Religiões, o fanatismo e a intolerância foram enterrados em suas sepulturas, e a bondade e a caridade começaram a unir seitas antes inimigas, muitos pensaram que o milênio chegara, ao menos no Novo Mundo, que, afinal de contas, é um mundo por ele mesmo. - Robert W. Chambers

Um dos livros redescobertos no ramo do terror e que tem chamado muita atenção é "O Rei de Amarelo" de Robert W. Chambers. Sendo uma coletânea de contos de terror cósmico publicada em 1895 e considerada um marco do gênero, influênciou vários autores - Lovecraft, Neil Gaiman, Stephen King e Nic Pizzolatto: produtor e roteirista criador da série True Detective que traz elementos da obra.

Pintor e ilustrador, que estudou em Paris e participou da boêmia local e entrando em contato com ela, Chambers a descreve fazendo praticamente um registro autobiográfico.

Assim como Shakespeare em Hamlet com uma peça dentro de uma peça, Chambers faz um livro dentro de um livro. Na verdade, uma peça teatral dentro de um livro. Ela é a personagem que liga a todos de uma só vez. Amaldiçoada, quem lê seus dois atos perde o juízo e condenando sua alma a perdição.

Duas edições que eu tomei conhecimento desse livro no Brasil é a da Editora Clock Tower e da Intrínseca. Elas são muito diferentes em si. Enquanto a da Clock Tower é capa dura e contem apenas os textos do "Rei de Amarelo" e as influências do autor: Edgar Allan Poe, Ambrose Bierce e um poema de Gustav Nadaud a da Intrínseca é dividido em duas partes: a fantástica e a realista. O conteúdo semelhante é de apenas quatro contos. Eles são: O reparador de reputações, A máscara, No Pátio do Dragão e O Emblema Amarelo.


Muito genuíno, embora não isento da extravagância maneirista típica da década de 1890, é o traço de horror nos primeiros trabalhos de Robert W. Chambers, desde então famoso por produtos de uma qualidade muito diferente. O Rei de Amarelo, uma série de contos vagamente relacionados entre si, tendo como fundo um livro monstruoso e sualmente atinge notáveis culminâncias de pavor cósmico,apesar do interesse desigual e do cultivo um tanto banal eafetado da atmosfera de ateliê de artista francês popularizada pelo Trilby de Du Maurier.[...] Outras das primeiras obras de Chambers que ostentam o elemento inusitado e macabro são O Fazedor de Luas e Em Busca do Desconhecido. Não se pode deixar de lamentar que ele não tenha levado adiante uma vocação em que facilmente se teria tornado um mestre consagrado. - H.P. Lovecraft

A Editora Dracco também fez sua versão, só que para quadrinhos:


Na mitologia lovecraftiana, Hastur tem uma relação de conflito com Cthulhu. Todas as vezes que seus servos se encotraram houve caos e destruição e também houve combates no espaço-tempo. Na novela "Nas montanhas da loucura" deixa subentendido que o sono de Cthulhu na terra é decorrente de um cobate com Hastur.