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Lovecraft Country, série criada por Misha Green com base no livro Território Lovecraft de Matt Ruff, é o principal lançamento da HBO para o mês de agosto. Produzida por Jordan Peele e J.J. Abrams, a série mistura elementos do terror cósmico de H.P. Lovecraft com a dura realidade de um Estados Unidos segregacionista dos anos 1950 para construir uma trama assustadora.
Confira abaixo as algumas referências literárias da série:
Indo da Flórida para Chicago, o personagem principal, o veterano da Segunda Guerra Atticus Black está lendo Uma Princesa de Marte, escrito por Edgar Rice Burroughs em 1912. Depois de ser transportado misteriosamente para o solo marciano, John Carter, um veterano ex-confederado da Guerra Civil, descobre que suas habilidades físicas foram ampliadas significativamente devido a menor pressão atmosférica e gravidade. Além disso, se vê envolvido no meio dos conflitos entre as raças marcianas. A Editora Regulus está trazendo esse livro em um financiamento coletivo e tem um projeto ambicioso: publicar todas as edições da série Barsoom. Além de criar esse universo, Burroughs criou e idealizou as aventuras do Tarzan, a série Caspak e inúmeros outros mundos fantásticos. Para saber mais, clique aqui.
Autor que nomeia o seriado, H.P. Lovecraft foi um homem criativo, mesmo sendo inegavelmente xenófobo e racista. Em uma cena, Atticus lembra a tio George que seu pai, Montrose, o fez decorar o poema On the Creation of Niggers que equipara os negros a semi-bestas que “preenchem o vazio” entre as bestas e os homens. Pai do horror cósmico como conhecemos, tem sua edição definitiva de seus Contos Reunidos reeditada em uma parceria da Editora Ex-Machina e Sebo Clepsidra. A nova edição da antologia apresenta todas as 61 histórias escritas por Lovecraft publicadas originalmente entre 1917 e 1935 e um corpus paratextual ciclópico, com mais de uma centena de páginas de material complementar, e do ensaio pioneiro Mitologia lovecraftiana: A totalidade pelo horror, de Caio Bezarias, em versão revista, ampliada e ilustrada. Para saber mais, clique aqui.
Como Atticus observa depois de George recitar “The children of the night ... what music they make” (Ouça-os... são os guardiões da noite. Que monumental protofonia!) é uma das frases mais famosas do romance de vampiros de Bram Stoker, Drácula, de 1897. Os vampiros inspiram os personagens a usar luzes para afastar os Shoggoths que os atacam na floresta, até que a luz solar os devolva à (relativa) segurança. A obra narrada de maneira epistolar, por meio de fragmentos de cartas, diários e notícias de jornal, a história de humanos lutando para sobreviver às investidas do vampiro Drácula, tentando impedir que a vil criatura se alimente de sangue humano na Londres da época vitoriana, no final do século XIX. Para saber mais, clique aqui.
Logo após Letitia, Atticus e tio George escaparem de Simmonville, Marvin Baptiste (irmão de Letitia) cita o autor Ray Bradbury do durante o jantar em sua casa. O autor, que completaria 100 anos em 2020, compôs um clássico da ficção científica e da literatura distópica, Fahrenheit 451. Escrito originalmente como um conto: "O bombeiro", contido no volume Prazer em Queimar: histórias de Fahrenheit 451, foi incentivado pelo seu editor a transformar a ideia inicial em um romance, que se tornou um dos livros mais influentes de sua geração – e também um dos mais censurados e banidos de todos os tempos. Para saber mais, clique aqui.
Em um delírio, tio George recapitula o final de A Casa No Limiar, romance de terror gótico de 1908 do autor William Hope Hodgson, que nos diz ser um de seus favoritos. Lançado pela Diário Macabro, o livro trás a narrativa citada: ao final do século XIX, em busca de dias tranquilos de pescaria, dois jovens viajam para um remoto vilarejo na Irlanda onde encontram restos de um manuscrito nas ruínas de um casarão. Em suas páginas emboloradas, encontram os registros das experiências de um velho recluso que há muito tempo habitou o local. Sua escrita revela uma série de eventos extraordinários e sobrenaturais, desde ataques de criaturas inomináveis a viagens oníricas e interdimensionais. Para saber mais, clique aqui.
Sendo mencionado nominalmente por tio George, Algernon Blackwood escreveu fantasia sobrenatural e terror na Grã-Bretanha do final do século XIX. Entre seus contos mais famosos está Os Salgueiros (história de horror preferida de Lovecraft) que retrata as aventuras de dois viajantes que descem de barco o Danúbio, rio que corta parte do leste europeu, e passam a viver um verdadeiro inferno de sons e sensações perturbadoras, cercados por salgueiros, em uma região pantanosa. Muitos de seus contos envolvem histórias de homens tendo encontros terríveis com uma espécie de natureza senciente. Para saber mais, clique aqui.
Também sendo mencionado nominalmente por tio George, Clark Ashton Smith foi poeta, escultor, pintor e autor americano de contos de fantasia, horror e ficção científica. Contemporâneo e amigo de Lovecraft, ele escreveu também sobre os famosos Mitos de Cthulhu, colaborando ativamente para o bestiário lovecraftiano com a criação de Tsathoggua no conto The Tale of Satampra Zeiros. Embora Smith se considerasse principalmente um poeta, tendo recorrido à prosa pela escassa soma financeira que recompensava, sua prosa pode ser melhor apreciada como uma poesia "desenvolvida". O autor está sendo trazido pela Editora Clock Tower em Além da Imaginação e do Tempo, um financiamento coletivo no Catarse. Para saber mais, clique aqui.
Somos informados de que O Conde de Monte, famoso romance do século 19 de Alexandre Dumas (também famoso pelos Três Mosqueteiros ) é o romance favorito de Montrose, pai de Atticus. O romance aborda a história de um marinheiro preso injustamente por um crime que não cometeu e foi lançado em folhetim ao longo de dois anos. O marinheiro planeja por anos executar uma fuga ousada de prisão, que inspirou claramente a própria escavação do túnel de Montrose fora do prisão onde o culto Braithwhite o confina. No dia 27 de agosto desse ano, para homenagear o autor, o Google fez um Doodle fazendo referência ao romance por conta da comemoração do aniversário da publicação do primeiro capítulo do livro no jornal parisiense "Les Journal des Débats", em 27 de agosto de 1884. Para saber mais, clique aqui.
No episódio "Uma História de Violência", o trio de heróis Atticus, Letitia e Montrose parte numa busca pelo cofre do fundador da Ordem da Antiga Alvorada, Titus Braithwaite. Essa busca os leva a um museu em Boston, e debaixo deste museu vão procurar as páginas de um livro. Eles vão andando pelas catacumbas que começam a se inundar, encontrando algumas criaturas sobrenaturais. Durante essa empreitada, Atticus até afirma: “Parece coisa do ‘Viagem ao Centro da Terra’”, do autor Júlio Verne. Rios de lava, mares subterrâneos, os primórdios da vida no planeta, fauna e flora pré-históricos, múmias de homens primitivos... Fruto da imaginação e do conhecimento de um dos pais da ficção científica, o livro é uma das obras mais originais e ousadas de seu tempo. Para saber mais, clique aqui.
O título do episódio, "Strange Case", foi tirado da novela de terror Strange Case of Dr. Jekyll e Mr. Hyde, conhecida e traduzida normalmente como O médico e o monstro de Robert Louis Stevenson. A história é a narrativa sobre um homem da ciência que usa um soro para se transformar em uma persona do mal e satisfazer seus desejos e depravações. Publicado pela primeira vez em 1886, esta instigante novela é um clássico do autor escocês Robert Louis Stevenson que inspirou desde Vladimir Nabokov e Jorge Luis Borges até Stan Lee. Para saber mais, clique aqui.
No mesmo episódio, durante a cena em que William abre Ruby para acelerar sua transformação, há uma reportagem na televisão sobre gafanhotos e seu processo de metamorfose. Ele lembra uma novela de Franz Kafka chamada Metamorfose, sobre um homem que acorda e se vê transformado em uma barata gigante. Essa pequena novela, lançada em 1915, revolucionou a literatura e as artes. De forma agressiva, acessível e inovadora, tornou-se um dos mais importantes e difundidos textos da história. Para saber mais, clique aqui.
Uncle Tom's Cabin, em português em A Cabana do Pai Tomas de Harriet Beecher Stowe, foi um romance antiescravista publicado em 1852. Extremamente popular em sua época, seu lançamento é considerado um dos vários momentos decisivos que impulsionaram o sentimento contra a escravidão e, por extensão, indiretamente iniciou a Guerra Civil. O romance também foi criticado por popularizar estereótipos tradicionais sobre os negros - o nome "Tio Tom", por exemplo, foi apropriado como pejorativo para os homens negros que são subservientes à autoridade branca. No livro, o tio Tom é espancado até a morte por seu mestre Simon Legree, após se recusar a revelar para onde seus companheiros escravos escaparam. Ele é retratado como uma figura de Cristo e perdoa seus assassinos em seus últimos suspiros. Este registro literário contribuiu intensamente para a abolição da escravatura. Basta observar que, dois anos depois de seu lançamento, surgiu o Partido Republicano, que abraçou a causa abolicionista. A autora chegou até mesmo a merecer do presidente norte-americano, Abraham Lincoln, esta consideração: "Foi a senhora que, com seu livro, causou essa grande guerra" (a guerra entre os estados). Dree foge das figuras do livro, que a perseguem por todos os lados. Para saber mais, clique aqui.
Obra de mesmo nome escritor por Matt Ruff, Território Lovecraft não é exatamente um romance. Com oito histórias curtas que se conectam, o livro pode ser entendido como uma espécie de antologia que possuem um delimitador comum que conduz a narrativa. Lançado pela Editora Intrínseca, o livro é um retrato caleidoscópico do racismo norte-americano e mostra acontecimentos envolvendo uma mesma família ou pessoas próximas a esse núcleo familiar que aos poucos vão descobrindo uma espécie de confraria secreta sobrenatural ao seu redor. Em um jogo de metalinguagem, o livro Lovecraft Country aparece na série escritor pelo filho de Atticus, George, no futuro. Tic diz que é a história da família Freeman, mas com alterações; Dee, por exemplo, é um menino chamado Horace, enquanto George e Hippolyta estão vivos e presentes na terra. Estas são mudanças reais que foram feitas durante a adaptação do romance original de Matt Ruff para a série da HBO. Para saber mais, clique aqui.