sábado, 14 de outubro de 2017

Especial Círculo das Ideias: A luz interior - Arthur Machen

Um noite de outono, quando as deformidades de Londres estavam encobertas por um manto de névoa azulada e era esplêndida a visão das ruas longas e quase vazias, Charles Salisbury caminhava lentamente pela Rupert Street, aproximando-se de seu restaurante favorito. Seus olhos estavam pregados no calçamento, como se o examinasse com atenção e, assim, na entrada do restaurante, quase esbarrou em um pedestre que vinha em direção contrária. - Arthur Machen
É em um encontro casual entre amigos na rua que começa A luz interior. Conto publicado em 1894, Arthur Machen nos apresenta a dois personagens: Charles Salisbury e o escritor e pesquisador de casos sinistros, Dyson - personagem recorrente nas histórias de Machen, como um investigador do oculto.

Durante a conversa, Dyson narra sua mais recente pesquisa: o estranho caso de um médico e a morte de sua mulher chama a atenção do escritor. Enquanto isso, após a conversa, Charles visualiza uma cena pouco romântica que gera desdobramentos não imaginados para ele e o amigo.

Envolvendo experiências para além da vida e a ciência, A luz interior é um dos contos mais perturbadores do autor. Com algumas descrições verdadeiramente atmosféricas de Londres, a narrativa parece ter sido tirada dos folhetins: a concatenação, o desenvolvimento e outras coisas que podem lembrar um diário, uma matéria jornalistica, onde um louco resolve se intrometer na essência humana.

O AUTOR


Arthur Machen nasceu em 1863 e teve uma característica que marcou sua vida e obra: sobrenatural. Seu estilo de narrativa apresenta muitos elementos místicos distribuídos por seus contos e novelas. Fez parte da Ordem Hermética da Aurora Dourada, um seleto grupo de ritual de magia que contou entre os seus membros também William Butler Yeats, Aleister Crowley e Algernon Blackwood. Na década de 1890, a sua escrita adquire uma nova reviravolta: contemporânea torna-se tanto em estilo e tema. Com estabilidade econômica garantida graças a uma herança, cria-se o espaço criativo para sua mais famosa obra: The Great God Pan: narrativa que mistura sexo, paganismo e horror. Outro marco em sua vida é o sucesso de The Archers, que deu origem a lenda dos Anjos de Mons: o primeiro encontro importante entre as marinhas britânica e alemã na 1° Guerra, onde os ingleses foram socorridos por seres celestiais. Morreu em 1947, aos 84 anos.