terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Especial Círculo das Ideias: Um Jovem Brilhante - Arthur Machen


— Após abandonar, em definitivo, a Universidade de Oxford, o jovem Joseph Last perguntava-se o que faria no ano seguinte e nos vindouros. Órfão desde a infância, seus pais morreram vítimas de febre tifoide com poucos dias de diferença quando ele tinha 10 anos de idade, e ele pouco se lembrava de Dunham, onde seu pai foi o último de uma linhagem de procuradores que ali exerceram a atividade dês de 1707. Por muito tempo, os Last levaram uma vida tranquila. De tempos em tempos, eles se casavam com pessoas da alta burguesia da vizinhança e, praticamente, dirigiam muitos dos negócios do condado no no tocante ao comércio, à administração de imóveis, à cobrança de aluguéis, trabalhando como administradores em várias mansões. Assim, viviam em um mundo de calma e confortável prosperidade cujo ponto mais alto foi alcançado durante e após as guerras napoleônicas. Então, começaram a declinar, não de modo acelerado, mas aos poucos, de modo que levaram alguns anos até perceberem o processo lento e irreversível. Sem dúvida, os economistas sabem pro que o campo e as cidades do interior tornaram-se, gradualmente, menos importantes após a Batalha de Waterlooo e as causas da decadência e da mudança que afetaram tão lamentavelmente Cobbett, que via, ou acreditava ver, a vida e a força da terra sendo sugadas para alimentar a monstruosa excrecência de Londres. - Arthur Machen
Um jovem brilhante é uma novela escrita e publicada na antologia de 1936 The Children of the Pool and Other Stories. Nela acompanhamos a história de Joseph Last, um jovem órfão que se formou na Universidade de Oxford e que decide abrir um internato. Em certo momento ele recebe uma proposta: instruir o filho de uma família rica, cuja inteligência e astúcia são apenas comparáveis à sua grande aptidão por crueldade.

Nesse sentido, Um jovem brilhante em toda a coletânea da Clock Tower é um ponto na curva: não integra o ciclo de horror sobrenatural de Arthur Machen. Esse elemento é dispensado: o irracional, o cósmico e até mesmo o supersticioso, são esquecidos justamente para incutir medo no leitor no que há de mais pavoroso: a maldade humana.

Pode-se entender que, esse conto pode servir de partida para outras narrativas totalmente diferentes Menina Má, de William March, que constrói sua trama por meio da exploração do horror de uma mãe ao descobrir o lado psicopata de sua filha, dando a percepção de uma faceta maligna de personalidade.

O AUTOR
Arthur Machen nasceu em 1863 e teve uma característica que marcou sua vida e obra: sobrenatural. Seu estilo de narrativa apresenta muitos elementos místicos distribuídos por seus contos e novelas. Fez parte da Ordem Hermética da Aurora Dourada, um seleto grupo de ritual de magia que contou entre os seus membros também William Butler Yeats, Aleister Crowley e Algernon Blackwood. Na década de 1890, a sua escrita adquire uma nova reviravolta: contemporânea torna-se tanto em estilo e tema. Com estabilidade econômica garantida graças a uma herança, cria-se o espaço criativo para sua mais famosa obra: The Great God Pan: narrativa que mistura sexo, paganismo e horror. Outro marco em sua vida é o sucesso de The Archers, que deu origem a lenda dos Anjos de Mons: o primeiro encontro importante entre as marinhas britânica e alemã na 1° Guerra, onde os ingleses foram socorridos por seres celestiais. Morreu em 1947, aos 84 anos.