sábado, 15 de abril de 2017

Especial Círculo das Ideias: Realidades Adaptadas de Philip K. Dick #3: "Impostor"

- Um dia desses vou tirar uma folga no trabalho - disse Spence Ollham no café da manhã. Olhou para a esposa. - Acho que mereço um descanso. Dez anos é muito tempo. - Philip K. Dick
Spence Olham é um funcionário do governo que quer tirar umas férias depois de dez anos de trabalho em um projeto ultrassecreto com sua esposa Mary. A guerra com os Extrasexpaciais não diminuiu, mas o desenvolvimento da bolha protetora proporciona alguma proteção básica às cidades da Terra. Enquanto a arma que vai empurrar a guerra em uma direção positiva ainda está sendo desenvolvida, Olham tem certeza de que a Terra não corre nenhum perigo imediato.

O problema começa quando o seu colega Nelson vem com um Major da agência de segurança do governo e diz a Ollham que ele será preso por ser um espião robô que foi programado para destruir todos com uma bomba de dimensões desconhecidas e pelo assasinato do verdadeiro Spence Olham. Agora, Ollham tem que correr para provar sua inocência, que não é um robô e para evitar sua morte na Base Lunar.

Publicado pela primeira vez em Astounding em junho de 1953, Impostor foi as telonas em 2001, com direção de Gary Fleder e trás pela primeira vez a temática Eu sou um ser humano? Ou será que sou apenas programado para acreditar que sou humano?

Considerando as datas, a ideia era revolucionária na época em torno da ficção científica. O tema em si continua atual. Ele é importante porque nos obriga a questionar: O que é um humano? E... o que não é?

SOBRE O AUTOR
Considerado por Ursula K. Le Guin como Jorge Luis Borges norte-americano, Philip Kindred Dick nasceu na cidade de Chicago em 1928. De 1955, ano de seu primeiro livro, até 1982, Dick publicou 44 romances e 121 contos, uma média de um romance a cada sete meses e um conto a cada 81 dias, sem parar, por 27 anos. Entre eles Valis, Ubik, Os Três Estigmas de Palmer Eldritch e os premiados O Homem do Castelo Alto (que dedicou para sua mulher Anne, que o desprezava dizendo que era um miserável e empalideceu ao descobrir os termos da dedicatória: Para Anne, minha mulher, de quem sem o silêncio eu não teria escrito esse livro) e Fluam, Minhas Lágrimas, Disse o Policial. O ritmo visivelmente frenético foi mantido à base de muita anfetamina – apesar dos boatos que sempre circularam à sua volta, Dick passou mais ou menos batido pelo LSD, a droga da moda na sua época, tendo apenas uma bad trip em toda sua vida (um boato divertido é que a revelação religiosa - ele foi durante a maior parte de sua vida adulta um católico convertido - que lhe ocorreu mais tarde seria um flashback dessa única viagem). Com dificuldades em ficar sozinho, teve cinco casamentos, um período de alguns meses em que sua casa se transformou num ponto de uso e tráfico de drogas, uma temporada voluntária numa clínica de reabilitação e até um par de semanas no apartamento de um casal de desconhecidos no Canadá. Morreu em 1982, aos 53 anos, em Santa Ana decorrência de um acidente vascular cerebral. Outros livros de sua autoria ainda seriam publicados postumamente, como Realidades Adaptadas, e é provável que ainda existam alguns por publicar...