Red Nails by Ken Kelly |
A mulher a cavalo puxou as rédeas do cansado corcel. O animal ficou de pernas abertas, a cabeça baixa, como se quase não aguentasse o peso das bridas de couro vermelhos com adornos de ouro. A mulher tirou a bota do estribo de prata e pulou da sela de bordas douradas. Prendeu rapidamente as rédeas num arbusto e virou-se, as mãos apoiadas nos quadris, para examinar o lugar. - Robert E. Howard
No ano de 1996, a Editora Newton Compton Brasil publicou em sua série de livros chamada Coleção Econômicos Newton a última história de Conan que Robert E. Howard escreveu, a novela Red Nails (traduzido como Pregos Vermelhos).
"Red Nails" serve como uma despedida adequada ao personagem e ao mundo hiboriano que se tornou tão querido por muitos, oferecendo uma história de aventura, intriga e exotismo que cumpre todas as promessas inerentes a uma aventura com Conan e, ao mesmo tempo, oferece algumas surpresas - mais notavelmente na personagem Valéria.
Sandahl Bergman in Valeria in Conan the Barbarian (1982) |
A primeira cena da narrativa não inicia com o cimério, mas sim foca na descrição dela. Valéria da Confraria Vermelha, personagem que foi interpretada no cinema por Sandahl Bergman. A Valéria do filme é um amálgama da Valéria de "Red Nails" com a Bêlit de "The Queen of the Black Coast". A personalidade é uma mistura das duas e a aparência é inspirada na loura aquiloniana, mas a cena em que ela volta como fantasma para ajudar Conan é referência direta à pirata shemita. É curioso notar que Valéria e Bêlit sejam ambas piratas, apesar de incorporarem diferentes arquétipos: Valéria é uma fanfarrona enquanto Bêlit é a Rainha dos Piratas.
Valeria and Bêlit by Barry Windsor-Smith |
Valéria é uma personagem bela, forte e destemida, que causa admiração em Conan justamente por suas qualidades. Se pode argumentar que Bêlit, o grande amor de Conan, é a mais forte de todas as personagens femininas criadas por Howard e que o cimério conhece, embora muito dessa força esteja implícita em vez de testemunhada diretamente em termos marciais.
Após se encontrarem, Valéria e Conan se enfrentam. Juntos, começam a passar por muitas adversidades, como o dragão da floresta - que pela descrição mais parece um dinossauro. De maneira engenhosa, Conan elabora um plano que os livra da ameaça, indo em direção ao que parece ser uma cidade há muito abandonada.
Para o espanto do casal, eles percebem que a cidade fantasma na verdade é um imenso palácio. Explorando-o, eles são envolvidos numa disputa insana entre uma raça dividida por uma antiga rixa, onde duas metades de uma tribo se matam há 50 anos, repleta de batalhas mortais. Conan e Valéria aceleram o desfecho de tal rivalidade quando “escolhem” um dos lados.
Com capa ilustrada por Marco Sani, o livro de 96 paginas fornece uma leitura prazerosa, entretém com mistérios, cheio de cenas bem detalhadas de lutas, sem esquecer os elementos de magia. Temos na novela todos os elementos que marcaram a narrativa de Howard: jóias, belas mulheres, magia, monstros, violência e a atmosfera fantasmagórica cthuliana.