Gustavo Domingues, mais conhecido como Rei Grifo, membro do canal Rei Grifo e Grifo Nosso. Ao lado de sua mulher Thaís Priolli, eles produzem um material focado em literatura: principalmente a literatura fantástica e a ficção científica. O site surgiu de uma ideia simples: conversar sobre livros! Essa ideia parecia boa não apenas pela inexistência de outros programas similares, mas principalmente pelo fato de os livros serem um paixão comum dos participantes. Não há aqui pretensões de fazer uma crítica indiscutível ou determinar se um livro é bom ou ruim, são apenas opiniões, impressões formuladas por quatro pontos de vista diferentes. Ele deu uma pequena entrevista para o Golem.
Qual foi seu primeiro contato com a literatura?
Com exceção da literatura escolar (especialmente a Coleção Vaga Lume, que eu lia por obrigação) eu li uma versão condensada para crianças da Ilíada quando tinha nove anos que me marcou, quando eu tinha 11 anos um primo meu me emprestou Devoradores de Mortos do Michael Crichton, eu li o livro e fiquei impressionado, procurando mais no estilo aventura histórica, li o que tinha em casa (morava junto com meu avô que tinha uma porção de livros), especialmente O Corsário Negro do Emílio Salgari. Quando estava lendo Devoradores de Mortos um amigo me falou sobre um filme que ia sair chamado O Senhor dos Anéis e que seria maior que Star Wars, como fiquei chocado com a declaração (e como era fã de Star Wars) fui atrás dos livros e li antes que saísse o filme. Não me arrependi. Isso moldou meu gosto por fantasia e ficção histórica militar por muitos anos.
O público da sua página, O Rei Grifo, prefere o que: ficção científica ou fantasia?
Com certeza fantasia. A fantasia tem um apelo grande dentro e fora do Brasil, com certeza sendo maior que Ficção Científica e Terror.
A fantasia nacional tem grandes nomes e agora consolida grandes obras. Quando vai ser a vez da ficção científica? Ela já chegou?
Acredito que o público está mais aberto a ficção científica hoje em dia, principalmente com a quantidade de séries e filmes do tema, mas muitos escritores brasileiros ainda tentam, futilmente, emular os clássicos. Da mesma maneira que na fantasia muitos seguem a cartilha de Tolkien, na FC existem muitos clones de Asimov, Clarke e Philip K. Dick. Claro que existe muita coisa boa e inovadora, antiga e nova, na Ficção Científica brasileira, mas ficam enterradas debaixo das obras derivativas.
Qual é o papel da Internet no seu trabalho?
Comunicação. Com certeza o centro nervoso de distribuição de conteúdo nos nossos tempos e no futuro sempre vai ser a internet.
Sobre o recente falecimento do autor Victor Milán, qual foi a colaboração do autor para o mundo da fantasia?
Uma triste perda. Apesar de sua obra em Os Senhores dos Dinossauros, acho que a grande contribuição de Milán foi a criação de Wild Cards. Ele criou o cenário e juntou um grupo de amigos para jogar um RPG de super heróis como presente de aniversário para George R.R, Martin, e desse grupo nasceu o projeto para os livros. Eu, como grande fã de Wild Cards, fico muito grato por Milán ter feito isso.
O que está lendo atualmente? Tem planos para o futuro?
O livro que estou lendo atualmente é Jonathan Strange & Mr Norrell da Susanna Clarke. Se você diz planos em matéria de leitura, sim, tenho muitos planos: pretendo ler ainda O Urso e o Rouxinol, De Volta para Casa (saindo agora pela Morro Branco) e Kindred em março, depois devo ler Teatro da Ira do Diego Guerra e Pátria do R.A. Salvatore.
Quais autores te influenciaram e se tem alguma dica para autores iniciantes.
Minha influência número um é Terry Pratchett, não acho mais nada tão refinado em matéria de literatura fantástica. Em matéria de clássicos minha influência é Herman Melville, alguém com um domínio assombroso da escrita. Dicas para autores iniciantes: Leia todo dia e escreva todo dia. São dois exercícios fundamentais, e eu falo sério. E não tenha medo de estudar escrita, frequentar cursos e workshops, ler livros sobre escrita e assistir vídeos de instrução, tudo isso só vai refinar seu ofício.