Tirado do quadrinho "As sombras da vida com Piteco" em 2002 |
Quando abri os olhos, tudo não passava de um borrão. Com o tempo, as coisas foram tomando forma e consegui identificar o que estava na minha frente. Percebi que encarava o teto branco de um lugar que não conhecia. - Felipe Sali
Editor do livro e um dos seus autores, Sali parte da filosofia platônica do livro A República para compor seu texto ficcional. Nela, o filósofo expõe suas idéias políticas, filosóficas, estéticas e jurídicas. A parte que Felipe utiliza seria um diálogo travado entre o irmão de Platão, Glauco, e seu mentor Sócrates - que narra essa alegoria.
O jogo com as referências, onde a realidade virtual se mistura a uma realidade dolorosa e traumática, quanto mais Felipe desenvolve a sua narrativa vemos a sombra da sombra: o desejo do narrador e o desejo das pessoas ao seu redor. As sombras criadas por sua mente, sua negação da realidade e do plano material, sem procurar compreender a verdade por trás das aparências imediatas.
Em nosso mundo, Felipe relaciona a realidade virtual as sombras na parede quase como no longa Matrix, os fatos não se apresentam imediatamente como devemos interpretar - a realidade sobre as coisas pode estar oculta ao olhar menos atento, mas as vezes é só o que eles querem acreditar: nas sombras projetadas, nas pessoas vivas e no pulo dos gatos.