terça-feira, 3 de julho de 2018

Revistas segmentadas trazem de volta os pulps no Brasil

Do pulp viemos e ao pulp voltaremos...


Essas belezinhas que estão fazendo uma diferença...

Na virada do século XIX para o XX, houve uma explosão no mercado de revistas populares contendo ficção de vários gêneros. Parecidos como uma espécie de periódico, as revistas pulp, ou “de polpa”, tinham esse nome por sua matéria-prima barata: a polpa de madeira. As histórias traziam enredos dos mais variados e simples. Em sua maioria eram leves e de leitura fácil, voltadas para todos os tipos de público, dos que gostavam de faroeste, mistério, aventura, romance, terror, fantasia e ficção científica.

Vários autores de renome passaram por essas publicações - sendo os mais famosos e influentes os que formaram o tripé da Weird Tales: H.P. Lovecraft, Clark Ashton Smith e Robert E. Howard. No Brasil, dois nomes se destacam dentro e fora do país por esse tipo de publicação. São eles, Rubens Francisco Lucchetti (definido pelo New York Times como "fábrica humana de ficção pulp" e "herói cult") e Ryoki Inoue (conhecido no mundo inteiro por entrar no Guinness Book como o autor mais prolífico do mundo, sendo o homem que mais publicou livros em todo o planeta).

Exemplares de revistas pulp nacionais
Como em um fast food, o objetivo do pulp é uma leitura rápida e um retorno constante. Se lá fora existia entre às décadas de 20 e 50 a Argosy Magazine, Astounding Stories, a já citada Weird Tales, ,Amazing Stories e Black Mask, aqui tínhamos entre os anos 30 e 50 a Detective, Contos Magazine, Mistério Magazine, Emoção e X-9. Algumas eram revistas especializadas em algum gênero, vide a Weird Tales, que trazia histórias de horror e fantasia, Amazing Stories contos de ficção científica e a Black Mask especializadas em histórias de detetive, e assim por diante.

Onde tudo começou...
De todas as revistas segmentadas que estão voltando a aparecer no cenário nacional - principalmente com o advento da Internet e outros meios de comunicação - cabe destacar três que tem propostas bem interessantes. O leitor não se incomode, pois essa seleção foi feita para não alongar tanto a matéria e para dar um princípio a sua busca, seja você escritor ou simplesmente fã.

A primeira é a Revista Mafagafo. É uma revista seriada, em que os contos são publicados em várias partes, divididos como um arco de história em quadrinhos ou uma série de TV. De todos, eles são os que mais seguem a risca esse conceito de pulp (no sentido de série e continuidade), aplicando esse modelo à publicação de contos brasileiros de fantasia e ficção científica. O formato não é novo, mas há muito que ele não vem sendo usado. A ideia da Mafagafo é retomar o hábito dos folhetins, tão comuns até o século XIX e início do XX. A Mafagafo atualmente é uma revista digital que será disponibilizada gratuitamente em PDF, ePUB e MOBI.


A segunda indicação que tenho aqui é a Revista Trasgo. Uma revista independente de contos de ficção científica e fantasia, que em seus quatro anos no ar já publicou estreantes e autores consagrados da ficção nacional. Distribuída gratuitamente também em PDF, ePUB e MOBI, buscou no seu terceiro ano no ar sua primeira grande empreitada no mundo do papel: a Trasgo - Ano 1. Ela trabalha com um modelo de renda compartilhada, sendo que, os autores e ilustradores não recebem um valor fixo pelo seu trabalho, mas parte do lucro com a publicidade e Padrim da revista. Se o seu material for aprovado, você receberá um contrato explicando exatamente como funciona, e poderá aceitar ou não.


E a terceira e última é a Revista Diário Macabro. Criada especificadamente para a publicação de contos de terror, o foco principal da revista é a revelação desses nomes e também um enriquecimento para esse tipo de literatura no país. Com duas edições publicadas, já está sendo planejada a terceira. O terror nacional, mesmo que tardio, vem ganhando seu merecido espaço no mercado. Com personagens perdidos entre a realidade e loucura, autores renovam o gênero de terror e suas vertentes, com narrativas cheias de reviravoltas. Com contos exclusivos, de autores nacionais e estrangeiros, revigoram o estilo no país.