segunda-feira, 24 de outubro de 2022

O Segundo Advento - William Butler Yeats

Girando e girando no turbilhão
Falcões não ouvem mais o falcoeiro.
Tudo quebra: o centro não resiste.
Pura anarquia anda pelo mundo,
Sobe a maré de sangue e, em toda parte,
Afogam a cerimônia da inocência.
Os melhores perderam toda a fé,
E os piores se enchem de paixão.
 
Alguma revelação vem ai...
O Segundo Advento vem ai...
O Segundo Advento!
Mal digo isso e uma vasta imagem do Spiritus Mundi
Perturba a minha visão:
Um deserto, um ser corpo de leão e cabeça de homem,
Olhar vazio e cruel como o Sol,
Move as lentas coxas enquanto envolta,
Dançam sombras de pássaros irados.
A treva desce, mas agora eu sei
Que vinte séculos de sono pétreo
Um berço transformou em pesadelo,
E que besta vulgar, chegado a hora,
Se arrasta até Belém para nascer?