quinta-feira, 13 de abril de 2017

3 livros para ler depois do desaparecimento de Bruno Borges - o jovem do Acre

Uma vez que a normalidade... - e assim começa esse parágrafo.
Estátuas e cofres
Paredes pintadas
Ninguém sabe o que aconteceu - Legião Urbana

O desaparecimento de Bruno Borges, em Rio Branco, capital do Acre, segue sem explicações. No dia 27 de março, uma segunda-feira a pós um lacônico “até mais, pai”, dobrou o quarteirão e desapareceu – em seu quarto, deixou 14 grossos livros manuscritos criptografados e uma estátua do filósofo e teólogo italiano Giordano Bruno (monge italiano da Ordem dos Dominicanos morto pela Inquisição) avaliada em R$ 7 mil.

A Polícia Civil mantém o caso sob sigilo. Enquanto isso, dois goianos, Igor Rincon e Renoir dos Reis, colocaram no ar um site dedicado a decifrar as mensagens deixadas pelo jovem nas paredes de seu quarto. Acredita-se que um dos vários códigos usados por Bruno tenha sido inspirado no Manual do Escoteiro Mirim que teve uma disparada nas vendas após caso. Aproveitando essas circunstâncias, o Golem separou 3 livros para os interessados nesses tema (que foi muito retratado pela literatura).

O Caso de Charles Dexter Ward, de H. P. Lovecraft
O único (e curto) romance escrito por Howard Phillips Lovecraft no início de 1927, mas não foi publicado durante a vida do autor. A narrativa mostra o jovem Charles Dexter Ward que, interessado em arqueologia, mergulha em um passado sombrio e de de magia negra quando começa a investigar as experiências de seu ancestral Joseph Corwen no século dezoito. Em uma mistura de alquimia, magia e alienígenas, talvez seja a história mais próxima dos acontecimentos do Acre: o menino que era visto como diferente, a mudança de comportamento súbita, os variados estudos e o mergulho em algo nunca jamais visto (Ward se assemelha fisicamente com Curwen, e tenta imitar as façanhas, do mesmo jeito que Bruno Borges com relação a Giordano Bruno).




Revival, de Stephen King 
Quando terminou de escrever Revival, Stephen King disse em suas redes sociais que era um dos livros mais assustadores que havia escrito e que não queria mais pensar nele. A mistura das atmosferas cosmo-científicas de H.P. Lovecraft e Mary Shelley fez os fãs alardearem o livro como a volta de Stephen King às suas origens. King nos apresentar a relação entre Jamie Morton e o reverendo Charles Jacobs, que sofre uma desgraça e que o faz ser banido da cidade. Décadas depois, Jamie integra uma banda que vive na estrada, levando uma vida nômade no estilo sexo, drogas e rock and roll, fugindo de suas próprias tragédias. Agora, com trinta e poucos anos, viciado em heroína, perdido, desesperado, Jamie reencontra o antigo pastor que transforma o elo que os unia em um pacto que assustaria até o diabo, com sérias consequências para os dois. Com um final de tirar o fôlego do leitor, com uma boa dose de terror escatológico, Revival versa principalmente, sobre a questão da maturidade, da responsabilidade de crescer e envelhecer no século 21, da dificuldade em lidar com as perdas inevitáveis, inclusive a da fé e sobre os caminhos que traçamos em busca de um suporte suficientemente sólido para enfrentarmos a crueldade e indiferença do universo para com nós, meros mortais.




Horror na Colina de Darrington, de Marcus Barcelos
Horror na Colina de Darrington é o primeiro livro publicado do brasileiro Marcus Barcelos. O autor, que possui mais de 1.000.000 (um milhão) de leituras na plataforma online Wattpad (sendo embaixador da mesma no Brasil), cria uma trama que se passa em South Hampton, EUA. Ali, o órfão Benjamin Simons enfrentou (o livro é um depoimento do personagem) a pior experiência de sua vida, entre loucura e realidade. Em certa madrugada, a tranquilidade da colina é interrompida por um estranho pesadelo, que vai tomando formas reais a cada minuto, que Ben descobre estar preso em um abrigo de mistérios e parece próxima do inferno. O livro é curto e flui à medida que o garoto descobre o contexto à sua volta (principalmente usando documentos e páginas de jornal que dão mais credulidade e com as ilustrações pulp do Thomaz Magno). 



MENÇÃO HONROSA:
A ideia do Ezequiel Maia, de Machado de Assis




Machado de Assis (Joaquim Maria Machado de Assis), jornalista, contista, cronista, romancista, poeta e teatrólogo, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 21 de junho de 1839, e faleceu também no Rio de Janeiro, em 29 de setembro de 1908. É o fundador da cadeira nº. 23 da Academia Brasileira de Letras. Filho do pintor e dourador Francisco José de Assis e da açoriana Maria Leopoldina Machado de Assis, perdeu a mãe muito cedo, pouco mais se conhecendo de sua infância e início da adolescência. Foi criado no Morro do Livramento. Sem meios para cursos regulares, estudou como pôde e, em 1854, com 15 anos incompletos, publicou o primeiro trabalho literário, o soneto “À Ilma. Sra. D.P.J.A.”, no Periódico dos Pobres, número datado de 3 de outubro de 1854. No pouco conhecido conto A ideia do Ezequiel Maia, publicado em 1883, Machado descreve um homem que, apesar de muito inteligente, aos poucos é tomado por uma espécie de obsessão que acaba dominando sua vida. No entanto, sempre fora dado a devaneios, fantasias, que lentamente foram ganhando força. Não houve um surto repentino, mas uma progressão contínua: ciente disso ou não, o autor descreve um quadro clínico que só muito tempo depois seria formalizado como diagnóstico, o transtorno de personalidade esquizotípica.